Chuvas intensas fora de época fazem mais de 130 mortos na Índia e no Nepal

Depois de os especialistas darem por concluída a época das monções, a violência e os “níveis tão elevados de precipitação” dos últimos dias na região surpreenderam.

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Membros das equipas de resgate da Força Nacional de Resposta a Desastres indiana (NDRF) no estado de Utaracanda NATIONAL DISASTER RESPONSE FORCE/Reuters

Mais de 130 pessoas morreram e dezenas estão desaparecidas na Índia e no Nepal devido às chuvas torrenciais dos últimos dias que causaram inundações e numerosos deslizamentos de terra.

A Índia registou até agora 81 mortes e o desaparecimento de dez pessoas na sequência da intensa precipitação que desde o passado fim-de-semana se regista com particular violência nos estados do Norte e do Sul do país.

No estado setentrional de Utaracanda, houve “um total de 46 mortos e cerca de uma dezena de pessoas encontram-se desaparecidas”, disse o secretário do Departamento de Gestão de Desastres Naturais do estado, S.A. Murugesam, acrescentando que o número poderá aumentar nas próximas horas.

O responsável, citado pela agência noticiosa espanhola Efe, indicou igualmente que muitas estradas continuam cortadas e dez casas sofreram danos materiais, devido aos deslizamentos de terra.

Por sua vez, o chefe do Governo da região, Pushkar Singh Dhami, expressou as suas condolências aos familiares das vítimas mortais e anunciou uma compensação económica de 400.000 rupias (quase 4.600 euros).

As chuvas fortes também afectaram o estado meridional de Kerala, que elevou nesta quarta-feira para 35 o número de mortos desde o passado fim-de-semana, embora, por enquanto, “a situação esteja sob controlo”, como assegurou uma fonte do Departamento de Informação regional citada pela Efe.

Apesar de a chuva ter feito uma pausa na região costeira, Kerala espera, a partir da noite desta quarta-feira, a chegada de forte precipitação que poderá agravar a situação.

O mais recente boletim do Departamento de Meteorologia da Índia (IMD, na sigla em inglês) prevê precipitação intensa com trovoadas no Sul da Índia, desta quarta-feira até ao próximo domingo. No entanto, as condições atmosféricas tornar-se-ão favoráveis no Norte do país, de acordo com as previsões do IMD.

Estas precipitações estão a deslocar-se para a costa da baía de Bengala, onde as equipas de resgate da Força Nacional de Resposta a Desastres (NDRF) iniciaram as operações de evacuação, após as graves inundações registadas.

No vizinho Nepal, pelo menos 52 pessoas morreram nas últimas horas e dezenas continuam desaparecidas em consequência das chuvas torrenciais e dos deslizamentos de terra, segundo o balanço da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres e Redução de Riscos do país.

O maior número de vítimas ocorreu no distrito de Doti, no Oeste do país, com 14 mortos até esta quarta-feira, disse o porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Phanindra Mani Pokharel.

Os outros distritos com mais mortos, ambos no Leste do país, foram os de Ilam, com 13 mortos devido a deslizamentos de terra, e Dhankuta, com sete, de acordo com a agência governamental.

As chuvas causaram também graves danos nas zonas agrícolas das planícies do Sul, na região de Terai.

“Temos que receber dados sobre perdas de culturas, mas as estimativas preliminares mostram que foram destruídas plantações no valor de milhares de milhões de rupias”, disse o porta-voz do Ministério da Agricultura e Pecuária nepalês, Prakash Sanjel.

As chuvas causam anualmente fortes danos pessoais e materiais no Nepal e noutros países do Sul da Ásia, especialmente durante a época das monções, entre Junho e Setembro.

Mas a violência destas chuvas surpreendeu os especialistas que já tinham dado por concluída a época das monções.

“Estávamos a dizer que as monções tinham acabado, acho surpreendente ver uns níveis tão elevados de precipitação, capazes de causar tantas perdas de vidas e danos materiais”, escreveu o especialista em hidrologia Madhukar Upadhya na rede social Twitter.

O Nepal é muito vulnerável aos desastres naturais e ocupa o quarto lugar entre os países mais em ricos por causa das alterações climáticas, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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