O tubarão engoliu o Benfica

Entre golos anulados, bolas aos postes e defesas tremendas de Odysseas, o Benfica pode dizer que esteve muito tempo a sobreviver ao Bayern na Liga dos Campeões. Mas também o Bayern pode agradecer a Manuel Neuer, que impediu mais do que uma vez que o Benfica chegasse ao 1-0.

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Na antevisão ao Benfica-Bayern de Munique escrevia-se que, frente a um “tubarão” destes, o importante era sobreviver. Nesta quarta-feira, o Benfica bem tentou, mas não sobreviveu. Os “encarnados” saíram do Estádio da Luz com uma derrota por 4-0, em jogo do grupo E da Liga dos Campeões. Um desfecho que embala os alemães (nove pontos) na luta pelos oitavos-de-final e que permite ao Barcelona (três pontos) aproximar-se do Benfica (quatro pontos). A equipa de Jorge Jesus pode ficar ainda em pior posição na próxima jornada, já que repete o duelo frente ao Bayern… na Alemanha.

Entre golos anulados, bolas aos postes e defesas tremendas de Odysseas, o Benfica pode dizer que esteve muito tempo a sobreviver ao Bayern. Mas também o Bayern pode agradecer a Manuel Neuer, que impediu mais do que uma vez que o Benfica chegasse a um golo que, podendo ser contra a corrente do jogo, premiaria a audácia que os “encarnados” tiveram a espaços.

No final de contas, a avalanche goleadora nos últimos minutos premeia o Bayern por ter sido quem mais quis vencer e penaliza demasiado um Benfica que, com maior eficácia, poderia ter complicado este jogo aos alemães.

Bayern surpreendeu

Na Luz, a primeira parte foi, como se esperava, de domínio quase total do Bayern. “Quase”, porque o Benfica conseguiu, aqui e acolá, esticar-se no relvado em transições e iniciativas individuais. Já lá vamos.

Para este jogo, o treinador Julian Nagelsmann (que não esteve na Luz, devido a uma indisposição) montou um sistema que, não sendo inédito, não tem sido muito utilizado. Em construção, os alemães surgiram num 3x1x5x1, com Pavard projectado na direita e Coman aberto na esquerda. A ideia era libertar Sané do corredor e o internacional alemão jogou nas costas de Lewandowski, a explorar zonas entrelinhas – por vezes atrás dos médios “encarnados”, por vezes à frente.

O Benfica encarou esta surpresa táctica com uma pressão bastante alta de três jogadores. Em três contra três, o Bayern não fazia baixar Pavard para facilitar a construção e o Benfica aproveitava para levar os centrais do Bayern a atrasarem sempre para Neuer. O chamado “obrigar o guarda-redes a bater” que o Benfica proporcionava não chegava a acontecer, porque… Neuer não bate.

Confortável com bola, o guardião tornava inútil a pressão alta do Benfica, que “esticava a manta” com uma pressão adiantada, mas nem sempre em bloco. Assim, Müller e Sané exploraram várias vezes o espaço à frente de Weigl (belo jogo) e João Mário, mas também entre os dois médios e a quase sempre muito subida linha de cinco defesas do Benfica (muita procura de fazer o fora-de-jogo, com os riscos associados). Aos 5’ e aos 38’, duas jogadas desse tipo permitiram a Sané criar perigo, rematando ao lado em ambas.

O outro lado da opção táctica do Bayern era que Pavard e Coman estavam sempre muito abertos – por vezes mesmo encostados à linha lateral. Desta forma, obrigavam Grimaldo e André Almeida a tomarem uma opção: encostarem nos adversários, abrindo espaço para o central (que Sané e Müller explorariam), ou manterem a posição, dando espaço para os dois franceses embalarem no um contra um.

Entre uma coisa e outra, Coman teve dois lances para “ir para cima” de Almeida. No primeiro arrancou um cruzamento para Lewandowski (grande defesa de Odysseas) e no segundo rematou ele próprio para nova defesa do grego.

Aos 32’, o Benfica conseguiu jogar. O Bayern ficou descompensado, a pedir uma falta sobre Sané, e Darwin pôde correr contra Süle. Ganhou no um contra um e rematou para uma grande defesa de Neuer. Nesta fase, o Benfica começou a equilibrar um pouco mais a partida, ainda que nunca conseguindo posses de bola muito prolongadas.

Já perto do intervalo, aos 42’, tudo ruiu. Depois de um ressalto, Coman descobriu Lewandowski, que finalizou. Estava feito o 1-0, mas o VAR ajudou o árbitro a invalidar o lance, por finalização com o braço por parte do polaco.

Equipa desabou no final

No início da segunda parte nada mudou. O defesa direito do Benfica – que já era Diogo Gonçalves – continuou a defender muito por dentro e permitia a Coman apostar no um contra um.

O primeiro lance deu cruzamento do francês para remate de Pavard e outra grande defesa de Odysseas. O segundo deu cruzamento para remate de Sané, nova defesa de Odysseas e recarga de sucesso de Müller. Porém, o VAR foi novamente astuto e indicou que o lance deveria ser invalidado por fora-de-jogo.

Pouco depois, o lateral vingou-se, ganhou espaço, ultrapassou Hernández e rematou em arco para nova defesa tremenda de Neuer, que tentava rivalizar com Odysseas e Coman para homem do jogo.

Após uma fase mais morna, em que o Benfica conseguiu novamente dividir a partida, Yaremchuk ganhou uma bola a meio-campo, correu mais de 40 metros com a pressão de Upamecano e, já na área, rematou cruzado para fora.

Como se diz no futebol, quem não marca… precisamente. No minuto seguinte, aos 69’, num livre-directo, o Bayern chegou ao golo, numa conversão de Sané (a barreira pareceu frágil). Desta feita, não havia motivos para o VAR intervir e o Benfica ruiu mesmo.

O jogo voltou, aí, à fase morna em que já tinha estado – porque o Bayern tinha o que queria e porque o Benfica não era capaz, até fisicamente, de dar a mesma réplica. Aos 80’, Everton ficou “a dormir” numa fase em que se pedia que fizesse de lateral e, a correr atrás do prejuízo, cabeceou um cruzamento de Sané para dentro da própria baliza.

Partida e perdida, a equipa do Benfica ainda permitiu transições que acabaram em assistências de Sané para golo de Lewandowski, aos 82’, e de Stanisic para Sané, aos 85’.

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