Freddie Highmore, um actor orgulhoso da evolução do seu “bom doutor”

Numa pausa nas gravações da quinta temporada de The Good Doctor, o actor inglês fala da preparação contínua para o papel de médico-cirurgião no espectro do autismo. E, enquanto revela as mudanças que o aguardam nos próximos episódios, diz-nos o que podemos aprender com ele.

,The Good Doctor - 3ª temporada
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada,The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
autismo,series-,tv,televisao,lazer,culturaipsilon,
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
autismo,series-,tv,televisao,lazer,culturaipsilon,
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
autismo,series-,tv,televisao,lazer,culturaipsilon,
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
autismo,series-,tv,televisao,lazer,culturaipsilon,
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
O bom doutor
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN
Christina Chang
Fotogaleria
The Good Doctor entrou na quinta temporada ABC/AXN

“Estou realmente orgulhoso de como o Shaun da primeira temporada é tão diferente do Shaun que anda pelo hospital na quinta”. É com este sentimento – e com entusiasmo e ternura também – que Freddie Highmore fala aos jornalistas, numa mesa-redonda online, no intervalo das gravações de The Good Doctor. Desenvolvida por David Shore (o criador de House), a partir de um original sul-coreano, a série entrou, no final de Setembro, na quinta leva de episódios, que estão a passar no AXN.

Highmore, que já foi o miúdo de Charlie e a Fábrica de Chocolate, o músico-prodígio de August Rush - O Som do Coração ou o Norman Bates de Bates Motel, tem aqui um dos seus papéis mais desafiantes: liderar o elenco enquanto Dr. Shaun Murphy, um médico-cirurgião com autismo e síndrome de Savant (capacidade rara de absorver e memorizar conhecimento). 

Não é um “rain man”, como o brilhantemente interpretado por Dustin Hoffman em Encontro de Irmãos – até porque Shaun está noutro ponto do espectro. Highmore diz ao PÚBLICO que, desde o início, houve a preocupação em “ser particularmente sensível para evitar, de todas as formas, fazer um retrato estereotipado do autismo”. 

A abordagem ao papel – que lhe valeu a nomeação para um Globo de Ouro, em 2018 – é firme, mas delicada e subtil. Ao mesmo tempo que doseia gestos e maneirismos (como as mãos recorrentemente entrecruzadas), faz um trabalho de relojoaria das emoções, sem deixar de lado apontamentos cirúrgicos de humor – como quando Shaun dispensa os conselhos matrimoniais de dois colegas porque, afinal, eles são divorciados. 

Highmore assinala como “muito libertador” que “a intenção nunca tenha sido representar toda a gente no espectro, da mesma forma que um personagem neurotípico também não o poderia fazer”. “Seria uma tarefa impossível”, acrescenta. “A partir do momento em que nos focámos em contar a sua história individual, tornou-se mais fácil encontrar as nuances e inconsistências (...). O Shaun também não é um super-herói: vai cometer erros, ser indelicado com as pessoas, ser demasiado simpático e ter todos os defeitos que qualquer um de nós tem”.

“Talvez uma das maiores falácias sobre o autismo seja que estas pessoas não conseguem mudar, crescer e aprender”, nota. Shaun tem vindo a evoluir, sobretudo, nas suas capacidades sociais, na expressão dos sentimentos, na sexualidade. Mas há mais mudanças no horizonte. 

O seu mundo, onde encontrou um lugar de relativo conforto e segurança, volta a ser abalado, alerta o actor, por “uma nova presença, uma nova antagonista, com a qual terá de lutar”, alguém que compra o hospital e está determinada a implementar alterações. 

Foto

Aqui, há-de sobressair um dos traços que Highmore considera mais apelativos em Shaun: “a sua qualidade de underdog”, alguém que à partida terá menos hipóteses de ser bem-sucedido, mas que consegue dar a volta. Por outro lado, dá-se “o amadurecimento da sua relação com Lea [Paige Spara]”. “Na temporada anterior, passaram por grandes momentos juntos e obviamente que o final feliz seria o facto de irem casar”. Mas esse momento, avisa, “não vai ser totalmente livre de drama”.

A ideia de aprendizagem, tão cara à série, manifesta-se noutro plano: a pesquisa e preparação para o papel, que tem sido “um processo contínuo”, assegura. Desde o episódio-piloto que a equipa tem no plateau a mesma consultora, Melissa Reiner, para as questões relacionadas com o autismo. “É claro que uma boa parte do Shaun já lá está e não pode ser mudada, mas, à medida que continuar a evoluir, haverá uma necessidade manter esse compromisso com o autismo de uma forma activa, ao invés de repousarmos nos nossos louros”.

Outro aspecto que Highmore aponta como responsável pelo sucesso da série – amplificado pela integração em plataformas de streaming como a Netflix – é o carácter “brutalmente honesto” de Shaun, aliado à postura sempre “optimista e esperançosa” de quem tem um “desejo incansável de ver o melhor nas pessoas e de não as julgar nem tirar conclusões sem as conhecer”. “Eu, como qualquer britânico, sou naturalmente céptico”, admite Highmore, entre risos. “Há algo de muito bonito em interpretar um personagem tão mais optimista – e que, provavelmente, também fez de mim uma pessoa melhor”.

  

Sugerir correcção
Comentar