Cartas ao director

Como se faz política

Rui Rio foi derrotado no Conselho Nacional. Rangel aparece como oposição interna. Rio espera que o Orçamento não seja aprovado, logo teremos eleições antecipadas e o PSD de Rangel sofre uma enorme derrota e Rio fica vingado. Nuno Melo vence o Chicão e o CDS não consegue eleger mais de dois deputados. 

PCP e BE levam nova derrota nas eleições pois provocaram uma crise que impede a aplicação dos euros do Plano de Recuperação e Resiliência​. O PS vence as eleições nas com uma percentagem que não lhe permite formar governo a não ser com o apoio daqueles que o fizeram cair. Entretanto, é elaborado um Orçamento do Estado muito mais restritivo pois o país está ainda em piores condições económicas que actualmente. Mas qual é o problema? Todos fizeram os jogos políticos que achavam melhor. 

Nós, tu, eu, o Zé é que pagamos mas isso a eles pouco importa pois fizeram vingar as suas posições. Viva o jogo político.

António Barbosa, Porto   

Contas certas e irresponsabilidade

Contas certas nunca existiram pelas conhecidas cativações. A execução dos orçamentos ficou aquém do aprovado. Irresponsabilidade, na teatralização dos “geringonços”: o primeiro-ministro, político não democrata, por rejeitar o diálogo com partidos com deputados eleitos democraticamente; os “geringonços”, exímios em “esticar a corda”, cavalgando as famosas “folgas”, em cenários semiacordados com o Governo.

O Presidente da República, com prontidão mediática, concedendo cobertura ao Governo e anulando em simultâneo a oposição. Comunga das “folgas” orçamentais, que sempre resultaram na criação de mais impostos e aumento da despesa pública. A oposição à direita do PS, não de extrema direita, sempre agitada internamente, deixa-se silenciar…

Havendo eleições antecipadas, respeitem o cidadão eleitor e não se sirvam dele! É provável que surja um governo que não “desperdice” a esmola para ocultar tanta incompetência.

Hélder Carvalho, Guimarães

Novas eleições

Em conversa com a minha mulher, e comentando a hipótese mirífica de novas eleições, diz-me ela: “só de gente que não presta”. E acrescentou: “gastam o dinheiro todo com eleições e depois não nos aumentam”. Dei-lhe toda a razão. Como é possível defender eleições, se ainda há bem pouco se realizaram as autárquicas? As eleições não devem ser banalizadas, sob pena de a abstenção subir em flecha, como já aconteceu nas locais. O pior que podia haver para o nosso país - tão mal-tratado pelos políticos que querem o poder a todo o custo e pelos comentadores que os servem - era um clima eleiçoeiro, que faria desacreditar o sistema, ainda mais do que já está.

A nossa classe política actual, salvo uma ou outra excepção, é, como costumo dizer, uma classe política sem classe. Que saudades tenho, por exemplo, de Mário Soares e Sá Carneiro, esses, sim, grandes senhores da política, que honraram o país, servindo-o e não se servindo dele, como, infelizmente, se vê agora. Querer novas eleições é, de facto, a irresponsabilidade total, proposta de grande leviandade. O nosso povo, para bem de todos nós, vale mais do que muitos políticos e comentadores que tem. Portugal não está perdido, resta-nos essa esperança.
Simões Ilharco, Lisboa

Ninguém leu Balzac

Há alguns anos este jornal publicou cadernos de inegável interesse e por isso de boa memória, às vezes apenas uma simples página com crónicas de elevada qualidade adornadas por um rectângulo com a foto e o pensamento dum ilustre do passado ou mesmo contemporâneo que eu recortava e juntava para inculcar nos filhos interesse pela leitura e pensamento humano. Uma delas era assinada por Honoré Balzac, esse mesmo que nos deixou fabulosa descrição da mulher de trinta e afirmou peremptório que por de trás duma grande fortuna existe sempre um grande crime! 

Vem isto a propósito da repetidamente noticiada fuga à justiça do ex-banqueiro João Rendeiro que a generosidade e habitual complacência da magistratura judicial permitiu, por mais que nos digam não haver razões para quaisquer medidas preventivas. Não desconhecemos o alcance nem o sentido literário do conteúdo da frase de Balzac, mas que a fuga do habilidoso banqueiro provocou manifesta decepção e inquietação nos prejudicados em particular e nos contribuintes em geral, todos temos a certeza. 

José Manuel Pavão, Porto

Sugerir correcção
Comentar