Congresso do PSOE aposta na “unidade” para fazer frente à direita

O encontro dos socialistas espanhóis foi marcado ao segundo dia pela presença de dois antigos primeiros-ministros, “um símbolo claro de que o PSOE está num processo de reunificação”, que se intensificou na última remodelação do Governo.

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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, sentado entre os antigos chefes de Governo José Luis Rodríguez Zapatero (à esquerda) e Felipe González (à direita) Biel Alino/EPA

“Unidade” é a palavra de ordem do 40.º congresso do Partido Socialista espanhol (PSOE) que teve este sábado o seu dia de maior intensidade política. Com as eleições de 2023 em vista, o partido está determinado a unir-se para fazer frente à direita, contando com o apoio dos históricos antigos primeiros-ministros socialistas José Luis Rodríguez Zapatero e Felipe González.

Num congresso descrito como “festivo”, os socialistas querem mostrar que puseram de parte as lutas internas – um ambiente muito diferente do 39º congresso, realizado em 2017. O secretário-geral do PSOE e primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reivindicou a “unidade” interna e o partido como a solução para responder à crise provocada pela pandemia. Para liderar a nova etapa renovará e rejuvenescerá a comissão executiva do partido, tal como já tinha feito com a remodelação do Governo em Julho.

A reunião dos dois ex-primeiros-ministros no congresso representa um “símbolo claro de que o PSOE está num processo de reunificação”, que se intensificou na última remodelação do Governo de Espanha, resume o El País.

Felipe González, líder histórico do PSOE entre 1974 e 1997 e líder do Governo espanhol durante 14 anos, tem sido um dos maiores críticos dos Governos de coligação, nomeadamente. Antes do anterior congresso, apoiou nas eleições primárias a candidata Susana Díaz, que concorreu contra Sánchez.

A presença de González também é significativa depois de ter criticado várias decisões tomadas pelo Governo de Sánchez, como os indultos concedidos aos líderes independentistas catalães.

José Luis Rodríguez Zapatero, por sua vez, liderou o PSOE de 2000 a 2011 e foi primeiro-ministro durante quase oito anos. Zapatero e González divergem habitualmente nas suas posições sobre o rumo do PSOE e em questões internacionais, em especial sobre política latino-americana, mas têm em comum as críticas contra o Partido Popular (PP).

“Deste congresso de unidade vamos sair a ganhar nos próximos ciclos eleitorais, temos um Governo e um primeiro-ministro que pensa no futuro de Espanha e na defesa do seu país”, disse Zapatero, mostrando o alinhamento com Sánchez. Reforçando o apoio ao actual primeiro-ministro, Zapatero elogiou a “sensibilidade social” face à pandemia e à crise provocada pela erupção do vulcão em La Palma.

González, com mais reservas, admitiu o orgulho quando ouviu Sánchez a “decretar o confinamento, sabendo que era uma medida dificílima”, realçando o sucesso das medidas sanitárias e do programa de vacinação. Não deixou, no entanto, de apelar à liberdade de “opinar criticamente”.

“O PSOE é um instrumento de serviço à sociedade, não é um fim em si mesmo e por isso tem que escutar a sociedade e integrar-se”, acrescentou o antigo primeiro-ministro.

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