Um mês de greves já marcadas na saúde: médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e farmacêuticos

Desde a apresentação do Orçamento do Estado para 2022 foram anunciadas quatro greves de profissionais de saúde. Há paralisações marcadas para Outubro e Novembro.

Foto
REUTERS/Gonzalo Fuentes

O desgaste dos profissionais de saúde e o descontentamento com o Orçamento do Estado para 2022 estão motivar a marcação de greves por parte das várias estruturas sindicais. Desde a inédita união de sete sindicatos de enfermeiros até à primeira greve em 20 anos marcada pelos farmacêuticos, multiplicam-se os protestos na área da saúde, numa altura em que a pandemia está mais controlada.

Os enfermeiros foram o primeiro sector a convocar uma greve nacional, anunciada na terça-feira, para a primeira semana de Novembro – esta sexta-feira, avançaram que será nos dias 3 e 4​. Além disso, agendaram também uma concentração para o dia 28 deste mês em frente à Assembleia da República.

A greve foi acordada numa reunião que teve início na tarde de segunda-feira e terminou na terça-feira de madrugada. Junta de forma inédita sete sindicatos, na sequência de uma carta reivindicativa entregue ao Ministério da Saúde há mais de duas semanas, que não teve qualquer resposta. Os enfermeiros elencam vários problemas, desde a progressão na carreira e valorizam salarial até à antecipação da idade de aposentação, exigindo também a integração imediata de todos os enfermeiros com contratos precários no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a abertura de um canal de negociações para a definição da carreira de enfermagem.

O protesto vai juntar o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), o Sindicato dos Enfermeiros (SE), o Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira  (SERAM), o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal  (Sindepor), o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPEnf) e o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU).

Seguiram-se os técnicos de emergência pré-hospitalar, que esta quarta-feira de manhã anunciaram uma greve para o dia 22 deste mês, exigindo também a revisão da carreira e melhores condições de trabalho. Foi também marcada uma manifestação em Lisboa para o mesmo dia.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar (STEPH) afirma que os motivos para o protesto são os que têm vindo a ser reivindicados pela estrutura sindical, mas que continuam sem resposta, apesar de uma reunião em Julho em que foram assumidos compromissos. O STEPH sublinha o Acordo Colectivo de Carreira Especial, que ficou concluído em 2018 mas continua sem ser publicado.

Os médicos anunciaram também esta quarta-feira uma paralisação nacional. As duas estruturas sindicais representativas convocaram uma greve de três dias, em 23, 24 e 25 de Novembro. A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) vão também avançar para um protesto conjunto.

“Fomos obrigados a avançar para esta medida tão gravosa porque estamos exaustos. As rupturas que têm sido anunciadas são exemplo claro e indisfarçável de como está o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para grandes males, grandes reivindicações”, justificou o presidente da Fnam, Noel Carrilho. 

O anúncio de greve surge numa altura em que vários hospitais têm denunciado situações de pré-ruptura por falta de profissionais para garantir escalas, principalmente nos serviços de urgência. As reivindicações são as mesmas que já haviam motivado outras paralisações antes da pandemia, desde a “melhoria das condições de trabalho” à “defesa da carreira médica” e melhores salários, manifestando também a vontade de reunir com os grupos parlamentares para apelar ao reforço do SNS.

A greve mais recente na área da saúde foi a dos farmacêuticos do SNS, anunciada esta quinta-feira. O Sindicato Nacional de Farmacêuticos (SNF) convocou uma paralisação de seis dias, a partir de dia 28 (até 2 de Novembro), exigindo a concretização atempada da residência farmacêutica (formação prévia à entrada na carreira), a revisão dos salários, adequando o estatuto remuneratório às habilitações académicas e profissionais da classe, e a abertura de concurso para progressão de carreira.

O presidente do SNF, Henrique Reguengo, avançou que será “a primeira greve que o sindicato convoca em 20 anos” e afirma que “nenhuma outra classe tem cedido tanto como os farmacêuticos”.

Notícia actualizada a 15 de Outubro com a data da greve dos enfermeiros.

Sugerir correcção
Ler 11 comentários