PS quer explicações de Marta Temido acerca de visitas à janela a jovens internados

O PÚBLICO denunciou que durante quase dois anos pais e familiares de jovens internados só puderam visitar os seus filhos através de janelas fechadas.

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Os pais podiam ver e falar com os filhos nas três janelas do lado direito, que permaneciam fechadas D.R.

Vinte e cinco deputados do PS enviaram uma pergunta formal à ministra da Saúde, Marta Temido, pedindo explicações sobre o que aconteceu durante mais de um ano e meio no Serviço Partilhado de Adolescentes e Jovens Adultos do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa. 

A pergunta vem no seguimento de uma notícia do PÚBLICO que denunciou que durante mais de um ano e meio as visitas no Serviço Partilhado de Adolescentes e Jovens Adultos do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa eram feitas através de janelas fechadas com os pais e familiares na rua e os jovens do lado de dentro do edifício.

“A notícia deixou-nos muito preocupados, e não podíamos ficar indiferentes a uma notícia que não nos deixou indiferentes, pelo respeito que devemos às famílias e aos doentes. O que nos inquieta também nos responsabiliza e por isso tínhamos de ter esta acção, de obter uma resposta oficial”, disse ao PÚBLICO a deputada Telma Guerreiro, que é a primeira subscritora da pergunta, assinada também pela vice-presidente da Assembleia da República Edite Estrela, pelo líder da JS, Miguel Costa Matos, e por Hortense Martins, Sónia Fertuzinhos, Alexandra Tavares de Moura, Elza Pais, Bruno Aragão, Ivan Gonçalves, Diogo Leão, Fernando Anastácio, entre outros.

Não colocando em causa a veracidade da informação, Telma Guerreiro quer que haja uma resposta e um esclarecimento por parte de quem tutela aquele serviço. “O Ministério da saúde deve dar esta explicação. Porquê que isto aconteceu, como aconteceu e como podemos melhorar.”

Além da preocupação pelo facto de as visitas aos doentes internados terem sido feitas através de janelas fechadas, com alguns pais empoleirados em escadotes e corrimões, sem qualquer privacidade, os deputados querem também ver esclarecido por que razão a administração do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa afirmou desconhecer a situação.

Ao PÚBLICO, Teresa Sustelo, a presidente do Conselho de Administração do CHPL afirmou que “algo menos correcto aconteceu” e apelidou a situação de “descabida e palerma, uma falta de senso”.

Os deputados querem por isso saber se “foram tomadas medidas para mitigar esta situação"; “que mecanismos de monitorização existem entre a tutela e os hospitais, que permitam introduzir alterações nos procedimentos a tempo de evitar dificuldades aos utentes e aos seus familiares” e, caso não existam tais mecanismos, se o ministério está “a ponderar introduzi-los”.

Este serviço de psiquiatria recebe jovens entre os 15 e os 25 anos. É único no país e foi criado em 2018 para dar resposta a uma faixa etária que já não era tratada nos serviços de pediatria mas também não devia ser seguida nos serviços psiquiátricos para adultos. Após a reclamação de familiares e das perguntas do PÚBLICO, feitas respectivamente a 1 de Outubro e a 6 de Outubro, as visitas dos familiares aos adolescentes e jovens internados voltaram a ser feitas dentro do serviço, numa sala própria para o efeito e com privacidade entre pais e filhos.  As visitas são previamente marcadas e à entrada os visitantes têm de medir a temperatura, desinfectar as mãos e usar máscara.

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