Direita, sentido!?

Está pré-anunciado, a partir de 2023, o fim da coabitação harmoniosa e pacífica entre o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O Comandante Supremo das Forças Armadas, Sua Excelência o Presidente da República, declarou-se e autoproclamou-se, com exímia destreza, o verdadeiro Comandante Supremo da Direita.​

Está feita, assim, a primeira leitura nacional, pública e formal, não partidária mas tendenciosa das eleições autárquicas. A receita do Presidente Analista é a de que, sendo o PS o partido com mais câmaras a nível nacional, devem todos fazer uma leitura dos resultados autárquicos, mesmo os que lhe servem de base de apoio para governar. Curiosamente entre o PAN, PCP, PEV e BE, só o Partido Comunista é que tem, historicamente e até ao presente, implantação autárquica evidente.​ Entendo, por isso, que a primeira grande leitura nacional a partir do resultado das últimas eleições autárquicas é que não é fácil ler seja o que for, porque efetivamente as eleições locais ainda não são um espaço aberto aos novos partidos, nem sequer ao “velho” Bloco de Esquerda. São, pelo contrário, e continuam a ser um campo propício para os partidos de massas.​

A última entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa à TVI, que foi a última entrevista do jornalista Miguel Sousa Tavares, deixou bem clara a tese e a intenção do chefe de Estado sobre a forma e o timing da predominância da alternativa democrática forte, que pretende ver protagonizada pelo centro-direita e pela direita.​

Está pré-anunciado, a partir de 2023, o fim da coabitação harmoniosa e pacífica entre o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O fim do bipartidarismo, com a alternância sucessiva entre o PS e o PSD com a ajuda do CDS, levou Marcelo a oficializar a implementação de um fenómeno a que podemos chamar “bipartismo”, que a “geringonça”, na prática, já havia introduzido: governos ora com apoio da parte parlamentar à esquerda, ora governos com o apoio da parte parlamentar à direita. Vejamos, até 2023 e para lá das próximas eleições legislativas, quão forte é o centro-direita e a direita e o espaço, por consequência, que essa alternativa democrática forte deixará à direita radical.​

A estabilidade política do Governo tem os dias contados, até 2023, para que, entretanto, a direita, no embalo dos seus congressos e na renovação das suas lideranças, se possa preparar para governar. Pelo menos, na boa intenção de Marcelo, que lançou os dados e fez a sua aposta. Parece que já se ouve o Comandante Supremo: “Direita, Sentido!”.

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