Gases tóxicos gerados pelo avanço da lava em La Palma obrigam a confinar 3000 pessoas

Confinamento abrange várias cidades dos municípios de El Paso e Los Llanos de Aridane, onde vivem entre 2500 e 3000 pessoas. Lava já afectou 591,1 hectares de terra, danificando centenas de edifícios.

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Vulcão de La Palma expulsa rochas de grandes dimensões Reuters, Carolina Pescada

O avanço da lava em La Palma para uma zona industrial, onde se encontravam fábricas e cimenteiras, gerou gases tóxicos que obrigaram o Plano de Emergência Vulcânica das Canárias (Pevolca), o comité de crise responsável por monitorizar a erupção, a impor novos confinamentos na ilha pela terceira vez. O confinamento abrange agora uma área que inclui várias cidades dos municípios de El Paso e Los Llanos de Aridane, onde vivem entre 2500 e 3000 pessoas, segundo revelou o porta-voz do comité, Miguel Ángel Morcuende, citado pelo jornal espanhol El País.

Desde o meio-dia desta segunda-feira que vários veículos da Guarda Civil circulam pela zona confinada, recordando aos residentes o dever de permanecerem em casa e de não se deslocarem a menos que seja estritamente necessário. A medida foi imposta para proteger a população, sendo que o maior perigo agora está relacionado com o constante vazamento de lava e actividade explosiva desde que a face norte do cone do vulcão desabou no sábado à noite.

Segundo Miguel Ángel Morcuende, a lava está a avançar — ainda que “lentamente” — e há agora dois rios de lava. Os últimos dois dias foram especialmente destrutivos e a área afectada alcançou já os 591,1 hectares, mais 65,33 do que no domingo (um dos maiores aumentos diários desde o início da erupção).

Dados citados pelo El País indicam que foram afectados, até ao momento, pelo menos 753 edifícios (dos quais 620 são residências) e 150 hectares de área agrícola: 74,82 de bananeiras, 45,16 de vinhas e 8,78 de abacateiros.

O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, irá visitar La Palma pela quarta vez na próxima quarta-feira. Já o presidente das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, explicou que “o vulcão continua muito activo” e que os cientistas “não se atrevem” a antecipar o seu fim.

Registados mais de 40 sismos durante a noite em La Palma

O Instituto Geográfico Nacional localizou mais de 40 terramotos na zona sul de La Palma durante a noite de domingo, escreve o El Mundo. O sismo de maiores dimensões alcançou uma magnitude de 4,3 na escala de Richter e foi sentido pelas 21h46 em Mazo. Esse abalo inicial foi seguido de dezenas de réplicas de menores dimensões.

Os sismos sentidos ao longo da última noite foram registados a profundidades médias e profundas (entre os dez e os 38 quilómetros de profundidade) e em redor dos municípios de Mazo e Fuencaliente. Os tremores foram sentidos pela população, mas não há notícia de quaisquer danos a registar.

Os meios de comunicação espanhóis deram conta da formação de um novo rio de lava – de acordo com o Instituto Vulcanológico das Canárias, chegava aos 1240ºC e estava a destruir os “poucos” edifícios que ainda restavam a norte de Todoque — a movimentar algumas rochas de grandes dimensões. De acordo com o El Mundo, estas rochas chegavam a ter o tamanho de uma casa de três andares. Estas movimentações começaram no domingo passado, mas continuam esta segunda-feira.

Os peritos continuam a monitorizar os rios de lava que se formaram a norte do Cumbre Vieja, em erupção desde 19 de Setembro. O último relatório do Departamento de Segurança Nacional refere que a emissão de dióxido de enxofre (SO2) na ilha continua a registar valores muito altos, em consonância com o processo eruptivo e ainda longe, de momento, dos patamares máximos permitidos em relação à qualidade do ar”.

A ministra da Defesa, Margarita Robles, anunciou numa conferência de imprensa no passado domingo que as Forças Armadas iam juntar-se, a partir desta segunda-feira, às tarefas de limpeza das cinzas. Na mesma conferência de imprensa, o presidente do Conselho Municipal de La Palma, Mariano Hernández Zapata, sublinhou que a ilha continua a ser segura e que tem “muito que oferecer” aos visitantes, apelando ainda à aposta nos produtos locais enquanto forma de ajudar na recuperação.

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