A fuga de Rendeiro e a justiça

O que se passa não é nem uma fatalidade nem uma negligência ocasional. É antes o resultado de uma falta grave e reiterada de vontade política em contribuir para a dignificação das instituições democráticas. Como se a justiça portuguesa fosse uma instituição offshore.

Quem viu dias a fio as imagens televisivas de João Rendeiro a sair do tribunal acompanhado airosamente por um dos mais importantes advogados do país não deixou de pensar que na justiça portuguesa pessoas importantes defendidas por advogados importantes podem aumentar a possibilidade de impunidade (por fuga à justiça ou por prescrição). Quem com alguma memória se lembrou do espetáculo contrastante da prisão preventiva de José Sócrates e da sua duração não deixou de pensar que há dois pesos e duas medidas na justiça portuguesa. As duas imagens somam-se numa só: algo está muito mal na justiça portuguesa. E quem adicionalmente se lembrou das notícias recentes da expedita condenação em pena prisão de Nicholas Sarkozy em França não deixou de pensar que o que se passa na justiça portuguesa não é nem uma fatalidade nem o resultado ocasional de uma negligência. É antes o resultado de uma falta grave e reiterada de vontade política em contribuir para a dignificação das instituições democráticas. Como se a justiça portuguesa fosse uma instituição offshore.

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