Morreu o “pai da bomba atómica” do Paquistão
Cientista nuclear Abdul Qadeer Khan encontrava-se hospitalizado com covid-19 desde Agosto. Venda de segredos nucleares ao Irão, à Coreia do Norte e à Líbia marcou a sua carreira.
Abdul Qadeer Khan, considerado o “pai da bomba atómica” do Paquistão, morreu neste domingo, aos 85 anos. O cientista nuclear encontrava-se hospitalizado desde o final de Agosto por causa de complicações provocadas pela covid-19.
Considerado um herói nacional por ter permitido ao Paquistão tornar-se o primeiro país muçulmano do mundo a possuir armas nucleares, no final dos anos 1980, Khan viu-se envolvido num enorme escândalo em 2004, quando se descobriu que tinha vendido segredos de Estado, relacionados com o programa nuclear paquistanês, ao Irão, à Líbia e à Coreia do Norte.
Deeply saddened by the passing of Dr A Q Khan. He was loved by our nation bec of his critical contribution in making us a nuclear weapon state. This has provided us security against an aggressive much larger nuclear neighbour. For the people of Pakistan he was a national icon.
— Imran Khan (@ImranKhanPTI) October 10, 2021
Segundo os analistas, esta actuação de Khan ajudou os países em causa a fintarem as inspecções das autoridades internacionais atómicas e as sanções que lhes foram impostas, e consta da lista dos principais contributos para a proliferação nuclear a nível mundial.
O cientista confessou tudo numa mensagem televisiva ao país e foi perdoado pelo Presidente Pervez Musharraf, mas foi obrigado a permanecer em prisão domiciliária durante cinco anos, em Islamabad.
Ainda assim, as principais figuras políticas do Paquistão fizeram questão de enaltecer o seu contributo para a política de defesa e de segurança do país.
“[Khan] era amado pela nossa nação devido à sua contribuição fundamental para nos tornar um Estado com armas nucleares. Isto providenciou-nos segurança contra um vizinho nuclear maior e mais agressivo [a Índia]. Era um ícone nacional para a população do Paquistão”, reagiu o primeiro-ministro Imran Khan no Twitter.
“[Khan] ajudou-nos a desenvolver um dissuasor nuclear salvador da nação e uma nação agradecida nunca vai esquecer os seus serviços”, escreveu na mesma rede social o Presidente Arif Alvi.