Projecto internacional estuda aquíferos do Tejo e do Sorraia

Os aquíferos da região do Vale do Tejo serão o mote principal do desenvolvimento do projecto em território português.

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Rui Gaudencio

“Aquifer” é a designação de um projecto internacional, liderado pelo Instituto Geológico y Minero de Espanha, que pretende estudar os aquíferos e delinear medidas inovadoras para a gestão integrada da água em quatro regiões de Portugal, Espanha e França. Divulgado no Dia Nacional da Água (1 de Outubro), o projecto envolve três parceiros portugueses, a empresa intermunicipal Águas do Ribatejo, o Centro de Investigação do Instituto Superior de Agronomia e a Associação Parceria Portuguesa para a Água.

Os aquíferos da região do Vale do Tejo serão o mote principal do desenvolvimento do projecto em território português, com trabalho de campo a desenvolver nas margens dos rios Tejo e Sorraia. O projecto tem em conta o “contexto de crescente escassez de recursos hídricos” no sul da Europa e abrange, também, os aquíferos espanhóis do Campo de Cartagena-Mar Menor (Múrcia) e do Aluvial del Llobregat (Catalunha) e franceses da bacia do Adour-Garona.

O principal objectivo do “Aquifer”, apoiado pelo programa comunitário Interreg, é “capitalizar, testar, disseminar e transferir práticas inovadoras para a preservação, monitorização e gestão integrada de aquíferos que ajudem na tomada de decisões sobre a gestão dos recursos hídricos subterrâneos”. O projecto transnacional envolve um investimento de 1, 6 milhões de euros no estudo e experimentação de ferramentas de gestão da quantidade e da qualidade da água subterrânea, na transferência de tecnologia para os agentes locais, na criação de novas sinergias e no desenvolvimento de uma rede de monitorização acessível através de um site de Internet de funcionamento “permanente e gratuito” para todos os interessados.

“O principal elemento inovador do Aquifer é a consideração do problema na sua totalidade”, sublinham os promotores, vincando que se pretende apostar na detecção, teste e implementação de práticas inovadoras e na sua disseminação” e que serão testadas práticas inovadoras de “preservação ambiental e gestão de águas subterrâneas, para os diferentes usos existentes: ambientais, consumo humano, agrícolas e industriais”.

O caso do Ribatejo

No caso da bacia do Tejo, a Águas do Ribatejo, empresa que aglutina sete municípios e serve cerca de 150 mil habitantes, reconhece que, “apesar de ainda existirem águas subterrâneas em quantidades significativas”, é “cada vez mais complicado e oneroso captar água de qualidade devido às ameaças que os recursos aquíferos sofrem por força das práticas agrícolas e das alterações climáticas”. A Águas do Ribatejo faz, actualmente, captações a 300 metros de profundidade “com custos acrescidos para garantir total segurança” da água que distribui. “Consciente desta realidade e antecipando os problemas que se irão colocar”, a empresa intermunicipal aderiu a este projecto internacional Aquifer, que deverá estar concluído em Abril de 2023. 

“O plano de acção prevê que a maior parte dos ensaios e trabalhos a realizar em Portugal ocorram na área de influência da Águas do Ribatejo, nomeadamente nas margens dos rios Tejo e Sorraia e no território envolvente da Bacia Hidrográfica do Tejo”, prossegue a empresa, com sede em Salvaterra de Magos, frisando que está, também, “prevista a organização de seminários e conferências para capitalizar as inovações e a divulgação de documentos de síntese e fichas práticas junto de todos os potenciais atores que serão identificados na área, sejam instituições, empresas do sector da água ou utilizadores”.

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