Afeganistão: mais de 100 alunos e professores de música deixaram Cabul e deverão vir para Portugal

Os 101 membros do Instituto Nacional de Música do Afeganistão desembarcaram na segunda-feira à noite em Doha

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Reuters/WANA NEWS AGENCY

Mais de cem alunos e professores de música deixaram Cabul a bordo de um avião na segunda-feira. Deverão vir para Portugal, disse esta terça-feira o director do Instituto Nacional de Música do Afeganistão (ANIM).

Declarou M. Sarmast à agência de notícias France-Presse (AFP) que temem ser vítimas de represálias dos talibãs, já que estes, quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, proibiram a música. Os 101 membros do ANIM desembarcaram na segunda-feira à noite em Doha. O grupo, cerca de metade constituído por mulheres e raparigas, deverá vir para Portugal com o apoio do Governo português.

Ao que disse, essa operação foi delicada até ao último minuto. Com a ajuda da embaixada do Catar em Cabul, os músicos foram transportados em pequenos grupos até o aeroporto da cidade.

A princípio, os talibãs - que controlam o aeroporto de Cabul - expressaram dúvidas sobre os seus vistos, mas o problema foi resolvido pelas autoridades do Catar. Quando o voo finalmente descolou, especialmente as raparigas da orquestra “Zohra”, de 13 a 20 anos, foram tomadas por uma emoção imensa.

“Este é o momento mais feliz da minha vida”, disse Sarmast. “Assim que os talibãs assumiram o poder em Cabul, os músicos foram discriminados. O povo afegão foi silenciado mais uma vez.”

Desde o seu retorno ao poder em meados de Agosto, os talibãs têm tentado tranquilizar o povo afegão e a comunidade internacional, dizendo que serão menos rígidos do que no passado. No entanto, disseram que irão governar o país de acordo com a sua interpretação estrita da sharia (conjunto de normas islâmicas). A política que pretendem aplicar em relação à música permanece obscura.

Questionado pela agência de notícias Lusa sobre o acolhimento de músicos afegão em território português, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) declarou que “Portugal participa, desde a primeira hora, nos esforços internacionais em curso para o acolhimento de cidadãos afegãos”. “Até ao momento, chegaram já a território nacional 214 refugiados afegãos. Naturalmente, não nos pronunciamos publicamente sobre quaisquer aspectos de natureza operacional relativos à chegada a Portugal de pessoas e grupos em situação de particular vulnerabilidade ou risco”, referiu ainda o MNE.

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