Primeira volta das autárquicas italianas impõe derrota à direita de Salvini

Centro-esquerda vence em quase todas as grandes cidades italianas, com mais margem do que o esperado. Segunda volta está marcada para daqui a duas semanas.

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Roberto Gualtieri pode tornar-se no próximo presidente da Câmara de Roma REMO CASILLI / Reuters

São ainda resultados provisórios, mas o centro-esquerda avança para uma vitória significativa na primeira volta das eleições autárquicas italianas. A votos foram um total de 1192 municípios e os bons resultados da esquerda podem incluir as cinco maiores cidades de Itália – Roma, Turim, Milão, Nápoles e Bolonha.

Os italianos votaram, como habitualmente, domingo e segunda-feira de manhã, pelo que só existem ainda sondagens à boca das urnas. Os dados disponíveis confirmam as esperadas vitórias dos candidatos do centro-esquerda, com margens maiores do que se antecipava, em alguns casos. A segunda volta acontece daqui a duas semanas.

Em Milão, Bolonha e Nápoles pode nem ser necessária uma nova votação. O já presidente de câmara da capital financeira do país, Giuseppe Sala, obteve uma vantagem expressiva (54%-58%) sobre o rival, um médico desconhecido, Luca Bernardo, que o líder da direita, Matteo Salvini, escolheu pessoalmente. Em Bolonha, Matteo Lepore também parece avançar para uma vitória à primeira, e o mesmo indicam as sondagens em Nápoles, onde o candidato comum do Partido Democrata (PD) e do Movimento 5 Estrelas (M5E), Gaetano Manfredi, surge com 57% a 61%.

Em Turim, a direita tinha esperança de vencer de forma clara, pelo menos na primeira volta, mas o seu candidato, o empresário Paolo Damilano, surge bem abaixo do rival de centro-esquerda, reunindo 38 a 42% dos votos, contra os 43 a 47% dos conseguidos por Stefano Lo Russo – uma diferença que se espera se acentue na segunda volta.

Em Roma, como esperado, a derrota da candidata em funções, Virginia Raggi, do M5E, assinala o fim de ciclo do partido fundado em 2009 pelo comediante Beppe Grillo e que rapidamente se tornou numa das maiores formações políticas do país – e que agora desaparece de todas as cidades onde governava, resistindo apenas onde se apresentou coligado com o PD. Raggi deverá ficar em terceiro, atrás do candidato da direita, Enrico Michetti, escolhido pela líder dos Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, e do candidato do PD, o ex-ministro da Economia Roberto Gualtieri, que as projecções antecipam vai alcançar um resultado de cerca de 25%. De acordo com todas as sondagens pré-eleitorais, Gualtieri teria a vitória assegurada desde que passasse à segunda volta.

A coligação de Salvini e Meloni, que inclui ainda o partido Força Itália, de Silvio Berlusconi, tem grande parte dos seus apoios em cidades mais pequenas, pelo que é demasiado cedo para tirar conclusões definitivas sobre os resultados. Mas, “se tudo isto se confirmar, sugere que a visão prevalente durante os dois últimos anos, de que o centro-direita venceria certamente as eleições nacionais, tem de ser revista”, diz à Reuters o politólogo Giovanni Orsina.

Com uma participação mais baixa do que o esperado, de cerca de 55%, Salvini explica os maus resultados da direita com as divergências internas que atrasaram a selecção de candidatos em várias cidades. Mas a confirmar-se a dimensão da derrota é provável que Salvini enfrente uma revolta interna na sua Liga, a atravessar o pior momento desde que assumiu a liderança, em 2013.

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