Francisco Rodrigues dos Santos anuncia que é candidato à liderança do CDS

Líder dos centristas vai antecipar congresso para Dezembro.

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Francisco Rodrigues dos Santos diz que quer unir o partido LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

No dia em que o challenger Nuno Melo fez o pré-anúncio da sua candidatura à liderança do CDS, o actual líder assumiu que é sua “obrigação” estar disponível para um segundo mandato.

Numa declaração aos jornalistas na sede nacional do partido, Francisco Rodrigues dos Santos revelou que vai marcar um conselho nacional, daqui a duas semanas, para agendar o congresso, que pode ser no início do próximo mês de Dezembro. Trata-se de uma antecipação de quase dois meses face à reunião magna que o elegeu em Janeiro de 2020. 

Embalado pelos resultados eleitorais das autárquicas – que voltou a enaltecer esta manhã, o líder do CDS assumiu ser a pessoa melhor colocada para continuar à frente dos destinos do partido. “Por estar absolutamente seguro que sou a pessoa certa para continuar a atingir os objectivos de que o CDS-PP precisa para se reerguer, por sentir que cumpri o meu dever e que ninguém, nas mesmas condições, seria capaz de fazer melhor, é minha obrigação colocar-me à disposição dos militantes do meu partido para continuar a liderar o CDS-PP”, afirmou.

No discurso – em que não respondeu às perguntas dos jornalistas – Francisco Rodrigues dos Santos projectou a sua estratégia para 2023. “A estratégia que segui até aqui deu frutos, permitiu ao partido crescer e afirmar-se no exercício do poder regional e autárquico. Agora é o momento certo para prepararmos as eleições legislativas: unir o partido em torno da minha liderança, para derrotarmos a esquerda no Governo do país e permitir ao CDS-PP ser alternativa de governo”, afirmou. 

Com uma forte contestação interna ao longo dos últimos dois anos – sobretudo por antigos dirigentes de Paulo Portas e Assunção Cristas –, Francisco Rodrigues dos Santos fez um balanço de vários actos eleitorais no seu mandato.

“A marca da minha liderança tem sido o reforço do poder do CDS na governação do nosso território: já participávamos na governação da Madeira, passámos também a estar no Governo dos Açores e, depois de domingo, governamos sozinhos ou em coligação cerca de 50 câmaras municipais. Só falta levar a marca deste CDS-Partido Popular ao governo de Portugal e mostrar que o país só ficará melhor com mais CDS”, sublinhou, reiterando uma das expressões que usa para enquadrar o CDS: a “direita certa”. 

Se o próprio líder do CDS personifica uma mudança de protagonistas no partido desde 2020, a sua visão de futuro não parece ser diferente: “Para consolidar este caminho precisamos de continuar a renovação do nosso partido. A nossa proposta nunca foi, nem nunca será, um regresso ao passado”.

Com uma guerra instalada em torno da leitura dos resultados do passado domingo entre a direcção e os críticos, o líder do CDS deixou farpas à oposição, dirigindo-se aos militantes. “Não há tortura de números nem contabilidade criativa que apaguem o vosso trabalho. Desvalorizar o vosso empenho e os vossos resultados é um ataque injusto a todos os que deram a cara nestas eleições”, apontou, acusando os que querem transformar “sucessos em insucessos” de “aproveitamento pessoal”.

Lembrando que sempre defendeu entendimentos com o PSD – coligações que os críticos consideram esconder as fragilidades do partido – Francisco Rodrigues dos Santos diz que a “estratégia política resultou” e que foi uma “aposta pessoal” sua e da direcção, contando com a “mobilização extraordinária do partido”.

Francisco Rodrigues dos Santos entrou na sala acompanhado dos vice-presidentes Pedro Melo e Francisco Laplaine Guimarães, e do presidente do congresso Martim Borges de Freitas. Foi recebido com uma salva de palmas que já parecia antecipar um discurso de confiança. 

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