Divisões no Partido Democrata impedem votação de promessas de Biden

A votação da proposta para a renovação das infraestruturas foi adiada na Câmara dos Representantes devido a uma exigência da ala progressista. No Senado, a ala conservadora recusa-se a aprovar o histórico investimento na educação, saúde e combate às alterações climáticas.

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A líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, ainda não conseguiu conciliar as posições EPA/SHAWN THEW

As divisões internas no Partido Democrata norte-americano continuam a impedir a aprovação das mais importantes promessas do Presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a reforma das infraestruturas e o investimento histórico no plano social — as bases da grande reforma conhecida como Build Back Better.

Na noite de quinta-feira, a líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, viu-se obrigada a adiar o momento da votação da proposta para a renovação das infraestruturas, que tem um custo de 1 bilião de dólares (milhão de milhões, trillion nos EUA).

Esta proposta já foi aprovada no Senado (a câmara alta do Congresso, com 100 senadores). Mas também tem de ser aprovada na Câmara dos Representantes (a câmara baixa, com 435 congressistas) para ser promulgada por Biden.

E é na Câmara dos Representantes que a proposta corre o risco de não ser aprovada, devido a uma exigência do bloco progressista do Partido Democrata — onde se destacam congressistas como Alexandria Ocasio-Cortez e Ilhan Omar. Sem os votos dos progressistas (há 96 inscritos nesta bancada), a proposta nunca será aprovada porque o Partido Democrata só tem mais três congressistas do que o Partido Republicano.

A exigência

Para aprovar a aposta nas infraestruturas na Câmara dos Representantes (e permitir o seu envio para promulgação), a ala progressista exige que a proposta seja levada a votos em conjunto com uma outra proposta, mais abrangente, de investimento na educação, saúde, apoios sociais e combate às alterações climáticas.

Só que esta proposta mais abrangente — que tem um custo de 3,5 biliões de dólares (três biliões de euros) para serem gastos ao longo de dez anos, e que ainda não foi aprovada no Senado — não tem o apoio da ala conservadora do Partido Democrata no Senado.

Na quinta-feira, o senador democrata Joe Manchin (eleito pelo estado conservador da Virginia Ocidental) chamou “uma insanidade fiscal” à proposta de 3,5 biliões. E disse que só está disposto a conversar quando o custo for reduzido para 1,5 biliões de dólares. 

A líder da Câmara dos Representantes vai continuar a tentar conciliar as posições no Partido Democrata esta sexta-feira, mas é muito difícil que isso venha acontecer nos próximos tempos.

Ainda assim, o Congresso conseguiu travar a tempo, na noite de quinta-feira, o risco de as agências e departamentos do Governo norte-americano ficarem sem orçamento para se manterem a funcionar sem restrições e terem de suspender o pagamento de salários.

Neste caso, os republicanos recusavam-se a aprovar o financiamento temporário das agências e departamentos se a proposta fosse votada em conjunto com um pedido para a suspensão do limite de endividamento pelo Departamento do Tesouro dos EUA. O Partido Democrata acabou por ceder, e a segunda proposta vai ser levada a votos no Senado na próxima semana, com a oposição dos republicanos já garantida.

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