Acusado de exploração sexual, designer Peter Nygard aceita extradição para os EUA

A posição do designer é conhecida numa altura em que os Serviços de Polícia de Toronto emitiram uma declaração dizendo que tinham um mandado de captura para Nygard com seis acusações de agressão sexual e três de confinamento forçado, entre 1987 e 2006.

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Nygard apresentou-se ao tribunal por videochamada Reuters/REUTERS TV

O designer canadiano Peter Nygard concordou com a sua extradição para os Estados Unidos, onde enfrenta acusações de tráfico sexual e extorsão, informaram os advogados de acusação e defesa numa audiência esta sexta-feira. O que não significa que Peter Nygard vá mesmo para os EUA — a extradição carece ainda do aval do ministro da Justiça do Canadá (se for nos próximos dias, será David Lametti; se a decisão for adiada, caberá ao novo titular da pasta, já que o primeiro-ministro Justin Trudeau, reeleito há cerca de uma semana, anunciou que planeia nomear um novo Executivo).

Paralelamente, os Serviços de Polícia de Toronto emitiram uma declaração dizendo que tinham um mandado de captura para Nygard com seis acusações de agressão sexual e três acusações de confinamento forçado entre 1987 e 2006.

O procurador Scott Farlinger comunicou a um tribunal de Winnipeg, província de Manitoba, que Nygard tinha concordado com a extradição, o que o seu advogado Brian Greenspan confirmou. A extradição permite a Nygard montar a sua defesa nos Estados Unidos, explicou Brian Greenspan, observando que o seu cliente “sempre manteve inequivocamente a sua inocência de qualquer acto ilícito”.

Desde a sua detenção, em Dezembro do ano passado, que Peter Nygard atribui as culpas a uma disputa que tem com um vizinho milionário nas Bahamas. Já a acusação descreve que o designer utilizou os recursos do Grupo Nygard, como funcionários da empresa, para recrutar raparigas menores. Os funcionários terão recorrido à força, fraude e coerção para coagir as raparigas, que foram abusadas sexualmente por Peter Nygard e por outras pessoas. A acusação também indica que o designer chamava as vítimas de “namoradas” ou “assistentes” e que as obrigava a acompanhá-lo em viagens, para poder continuar os abusos sexuais.

Nygard apresentou-se ao tribunal por videochamada, a partir da prisão, tendo falado brevemente para confirmar que compreendia o que implica a extradição. Já o presidente do Supremo Tribunal Glenn Joyal disse a Nygard que a sua transferência não poderá acontecer, pelo menos, nos próximos 30 dias, esclarecendo que o arguido tem o direito de pedir a libertação sob fiança até à decisão do ministro da Justiça.

E, se até há pouco tempo, a extradição parecia simples, agora, com novas acusações no Canadá, o processo ganha novos contornos. De acordo com o professor assistente de Direito na Universidade de Manitoba, Gerard Kennedy, o ministro pode aceitar a extradição para os EUA, mas apenas com a condição de o designer regressar ao país para enfrentar as acusações de que é alvo.

Nascido na Finlândia, Peter Nygard cresceu em Manitoba, acabando por dirigir as suas próprias empresas de vestuário com o seu nome e tornando-se uma das pessoas mais ricas e influentes do Canadá. Em 2019, a empresa internacional entrou com um pedido de insolvência no estado de Nova Iorque.

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