Sebastião Bugalho recusa integrar bancada parlamentar do CDS como deputado

Crítico da actual direcção, o comentador político invocou “circunstâncias políticas (do CDS) e profissionais” para declinar o convite.

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O convite a Sebastião Bugalho partiu do líder da bancada parlamentar do CDS, Telmo Correia Nuno Ferreira Santos

Sebastião Bugalho, um dos rostos do programa da TVI24 A Lei da Bolha, recusou assumir o lugar de deputado na Assembleia da República, substituindo Ana Rita Bessa que renunciou ao mandato, alegando descontentamento com a direcção de Francisco Rodrigues dos Santos.

A abordagem do líder da bancada centrista não deixou de surpreender a actual direcção do CDS, que contesta a escolha. “Trata-se de uma escolha da anterior direcção, sendo certo que esta direcção nunca escolheria para deputado um senhor que tem tido um comportamento indecoroso e, não raro, insultuoso, para o partido, havendo, como há, muitas outras pessoas para ocupar esse lugar mais capacitadas e leais, como seria o líder da juventude Popular, Francisco Camacho”, declarou ao PÚBLICO o vice-presidente do CDS, Pedro Melo.

Convidado pela ex-presidente do CDS, Assunção Cristas, para integrar a lista de deputados a Lisboa em sexto lugar nas legislativas de 2019, Sebastião Bugalho confirmou esta quinta-feira ao PÚBLICO a sua indisponibilidade para ocupar o lugar no Parlamento, que se prende com “circunstâncias políticas (do CDS)” e razões profissionais”.

Foi o líder da bancada parlamentar do CDS que esta semana tornou público que o ex-jornalista e actual comentador político iria assumir o lugar de deputado na próxima semana, uma vez que Ana Rita Bessa despede-se esta quinta-feira do Parlamento onde foi deputada na anterior legislatura e também nesta. O quinto lugar na lista pertence à médica e ex-deputada Isabel Galriça Neto, que recusou regressar ao Parlamento por “razões pessoais”. Este domingo, Galriça Neto foi eleita para a Assembleia Municipal de Lisboa na lista de Carlos Moedas. É então que Telmo Correia contacta o comentador político, que não é filiado no partido e é considerado um crítico da actual direcção de Francisco Rodrigues dos Santos.

“O líder da bancada, Telmo Correia, contactou-me para me informar disso mesmo [renúncia de Ana Rita Bessa e Isabel Galriça Neto] e para aferir a minha disponibilidade. Passava a estar nas minhas mãos (…). Declarei-me honrado e não escondi o meu profundo respeito pelo Parlamento, pela história do CDS-PP e pelo seu grupo parlamentar”, escreveu Sebastião Bugalho numa resposta enviada esta quinta-feira ao PÚBLICO.

“Após 48 horas de reflexão, informei-o da minha indisponibilidade para assumir o lugar de deputado na Assembleia da República”, refere o ex-jornalista. “Reiterando o respeito que tenho pelos eleitores e pelo partido que me convidou a integrar as suas listas, noutras circunstâncias, com outra direcção, não tomarei posse na próxima semana. As circunstâncias políticas (do CDS) e profissionais (minhas) não só não são as mesmas que existiam ao tempo em que me foi feito o convite, como não se aparentam conciliáveis entre si”, explica na resposta.

Sebastião Bugalho revela que esta foi uma decisão difícil. “Para quem, como eu, não concebe função mais digna do que a de representante do povo, mas que é aquela que, neste cenário, julgo mais acertada. Endereço sentidamente as mensagens de incentivo de amigos e próximos ao longo destes dias. Não me esquecerei delas”.

João Diogo Moura é o número sete da lista de deputados. Presidente da comissão política concelhia do CDS Lisboa, João Diogo Moura foi eleito este domingo na lista de Carlos Moedas para a Câmara de Lisboa, devendo assumir responsabilidades como vereador na autarquia, pelo que também deverá renunciar ao mandato de deputado.

Formado em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, Sebastião Bugalho, de 25 anos (faz 26 em Novembro), é filho dos jornalistas João Bugalho e Patrícia Reis, editora da revista Egoísta, que se conheceram no longínquo jornal Independente, de que Paulo Portas foi director.

Deu os primeiros passos no jornalismo era ainda muito jovem, aos 19 anos, mas o comentário político (televisivo) é a sua praia. Ainda estudante oferece-se para escrever no jornal i e mais tarde é desafiado a fazer um estágio na secção de política. Passou pelo Sol (do mesmo grupo do i) e actualmente é colunista residente do Diário de Notícias (escreve uma crónica aos domingos e escreve obituários) e é comentador político na TVI24 no programa Lei da Bolha, dividindo o palco com o deputado do PS, Sérgio Sousa Pinto. Também na TVI24 chegou a ter um programa com António Rolo Duarte, o Novos Fora Nada.

O gosto pelo política afasta-o do jornalismo, mas Sebastião Bugalho falha o alvo ao não ser eleito deputado na lista do CSD em 2019. “O meu interesse na política era quase romântico, literário. Não foi um interesse premeditado, pensado. Foi quase instintivo”, declarou numa entrevista ao jornal i, em Agosto do ano passado. Foi ainda consultor durante cerca de um ano junto da Câmara de Cascais.

Dois meses depois desta entrevista, Sebastião Bugalho é alvo de uma queixa por violência doméstica. É suspeito num inquérito aberto pela Divisão de Investigação Criminal da PSP.

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