Rio diz que ministro da Defesa terá de se demitir se for responsável por substituição do chefe do EMA

Líder do PSD condenou o sistema judicial pelo “escândalo” da fuga de João Rendeiro e considerou que a polémica pública entre ministros mostra “degradação do Governo”

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EPA/TIAGO PETINGA

O líder do PSD defendeu que o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, tem de se demitir se for o responsável por lançar na praça pública o tema da substituição do chefe do Estado-Maior da Armada, Mendes Calado, pelo vice-almirante Gouveia e Melo.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, Rui Rio considerou que a forma como a matéria foi tratada na praça pública “é desprestigiante” para as Forças Armadas e “injusto” para Gouveia e Melo, coordenador da task-force da vacinação contra a covid-19. “As Forças Armadas não mereciam que o assunto fosse tratado assim na praça pública. Prestou um mau serviço a Gouveia e Melo, que não merece isso”, afirmou, acrescentando que “quem colocou na praça pública tem de se demitir”.

O líder social-democrata disse não saber quem o fez “e com que intenções” embora admita que “o Presidente da República já saiba quem é”.

Questionado sobre se está a responsabilizar o ministro da Defesa, Rui Rio respondeu de forma condicional: “Se foi o ministro da Defesa que colocou... Se não foi o ministro da Defesa que colocou, estou a pedir a demissão de quem colocou. Quem o fez. É inadmissível”. O presidente do PSD disse não estar a fazer “um pré-juízo”, mas condenou a intervenção: “Dá-se a imagem que se quer tirar um para pôr outro.”

As declarações aos jornalistas decorreram após a reunião da bancada parlamentar desta manhã, a primeira da nova sessão legislativa. Rui Rio aproveitou também para falar de outro tema que já criticou nas redes sociais: a fuga para o estrangeiro do ex-banqueiro João Rendeiro, condenado a pena de prisão.

É um “escândalo” pelo qual Rui Rio responsabiliza o sistema judicial. “Não podemos naturalmente responsabilizar o Governo por essa fuga. É da inteira responsabilidade do sistema judicial. Porque é que sujeita Portugal a este vexame?”, disse, apontando o dedo ao Governo por não querer fazer nenhuma reforma na justiça apesar da insistência do PSD.

O líder social-democrata foi ainda questionado sobre as críticas do ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, ao seu colega das Finanças a propósito da demissão do presidente da CP. O PSD vai chamar os três protagonistas ao Parlamento para ouvir as explicações, mas Rui Rio considerou que o episódio “mostra uma degradação do Governo já bastante acentuada”.

A reunião da bancada é a primeira após as eleições autárquicas em que o balanço da direcção é claramente positivo e a duas semanas do conselho nacional, que marcará a data das eleições directas. Questionado sobre se vai clarificar a sua posição na disputa interna, Rui Rio disse continuar “sem falar”, referindo apenas que a reunião do conselho nacional está marcada para dia 14 de Outubro: “Em homenagem à vitória que aqui, em Lisboa, o PSD conseguiu”.

Nesta reunião, os deputados ouviram ainda, pela primeira vez, as linhas gerais da proposta de revisão constitucional apresentadas por Paulo Mota Pinto, presidente do conselho nacional do PSD. O projecto de lei da revisão constitucional e de alteração ao sistema eleitoral só será entregue durante o mês de Outubro. Rui rio assegurou que “não houve” negociações com o PS “fora do Parlamento”. “Dentro do Parlamento tem de haver, é constituída uma comissão, tem de haver uma discussão”, afirmou, acompanhado pelo líder da bancada parlamentar, Adão Silva.

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