Antes da hibernação, o Alasca celebra os ursos gordos

Esta é a semana em que o Alasca celebra os ursos-pardos bem nutridos: a Fat Bear Week promove uma votação online para eleger o melhor urso do parque de Katmai, conhecido também pelo rio Brooks, onde salmões escolhem desovar.

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No Alasca, as folhas das árvores estão a cair, o dia está a ficar mais curto e os ursos-pardos devoradores de salmões estão a correr contra o relógio para armazenar os quilos de que precisam para sobreviver à hibernação de Inverno.

Sem terem conhecimento, alguns destes enormes ursos estão também a competir na Fat Bear Week (Semana do Urso Gordo, em tradução livre) da Reserva e Parque Nacional de Katmai, no Alasca, a celebração anual da gula e da abundância na natureza.

A partir desta quarta-feira, 29 de Setembro, os fãs da vida selvagem podem votar online, numa competição ao estilo playoff, para eleger o melhor urso-pardo entre os 12 do parque, fotografados no rio Brooks, conhecido pela abundância de salmões, o alimento favorito destes animais. O vencedor será anunciado a 5 de Outubro.

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Este “extravagante espectáculo online” é um projecto conjunto do parque e de dois parceiros sem fins lucrativos: a Katmai Conservancy e o Explore.org, uma organização multimédia que opera câmaras de filmar com imagens em directo na natureza, sendo a mais conhecida das quais a “câmara dos ursos” de Katmai.

A Fat Bear Week começou por ser apenas um dia de promoção em 2014, que logo se expandiu para uma semana inteiro ano seguinte. Torna-se mais popular a cada ano que passa, sobretudo online: em 2020 houve quase 650 mil votos, depois de em 2018 terem sido apenas 55 mil, disse Naomi Boak, guarda de Katmai.

A popularidade é fácil de entender, disse: os ursos gordos fazem as pessoas felizes. “Podem fazer algo que nós não podemos e, ainda assim, são saudáveis: engordar”, brinca.

Há t-shirts, copos e canecas da Fat Bear Week, que também integra o currículo escolar, uma oportunidade para os alunos aprenderem sobre biologia, ecologia e vida selvagem.

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Os ursos-pardos de Katmai estão entre os maiores do mundo graças à abundância de salmões que nadam rio acima a partir da Baía de Bristol, no Alasca. Estes animais, cuja população ronda os cerca de 2200 indivíduos, podem pesar mais de 453 quilos depois dos “banquetes de Verão”. Podem perder um terço do peso durante a hibernação.

O número recorde de salmões que regressaram à Baía de Bristol, que se seguiu a outros anos de muito peixe, foi uma dádiva para os ursos mais jovens de Katmai. “Eles beneficiaram por terem nascido no tempo da abundância”, sublinhou Boak. Mas até os ursos mais velhos parecem mais gordos, disse, citando o exemplo de um urso de 14 anos chamado Walker. “Ele não cresceu, mas engordou certamente”, brincou.

A relação entre a Baía de Bristol e os ursos devoradores de salmão de Katmai, contudo, parece não ser suficiente para impedir a construção de uma mina de exploração de cobre e ouro na corrente do rio. O projecto, conhecido por Pebble Mine, ameaça a sobrevivência dos salmões que sustentam os ursos do parque.

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A Fat Bear Week destaca alguns dos recursos em jogo, segundo Jim Adams, o director regional para o Alasca da Associação De Conversação de Parques Nacionais. “Pode ser uma forma de lembrar que os ursos dependem de um ecossistema saudável e da maior ‘corrida’ de salmões do mundo.”

A administração de Joe Biden disse, no início de Setembro, que pretende ressuscitar uma política do tempo de Obama que pode vir a impedir a construção da Pebble Mine na bacia hidrográfica da Baía de Bristol.

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