Pós-eleições: o que podem esperar as empresas?

A maioria dos programas vencedores nas cidades que são os principais motores do crescimento e desenvolvimento incluem propostas económicas mais liberais.

Muitos executivos e empresários acordaram na segunda-feira atentos ao que os resultados autárquicos podem significar para o futuro da economia. Procuram identificar potenciais riscos políticos e oportunidades geradas pela nova conjuntura municipal. É essencial compreender o impacto de uma permanência ou mudança política no futuro dos seus negócios, nas suas perspetivas de crescimento e, por consequência, no seu apetite por investir e gerar mais emprego.

Nem sempre são vistas dessa maneira, mas as eleições autárquicas são um momento determinante para a economia nacional e para a nossa capacidade em garantir prosperidade e crescimento a médio e longo prazo. As prioridades dos governantes eleitos e a visão sobre o futuro dos municípios determinam em grande parte a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros e a sua predisposição a assumir riscos.

As cidades são indiscutivelmente os grandes motores de desenvolvimento económico regional e nacional. Cerca de 70% da população portuguesa reside em áreas urbanas e é nelas que se concentra a maioria do talento, da inovação e do investimento.

Os resultados eleitorais provocam tipicamente uma de duas reações junto das empresas: ou uma perceção de maior risco político, sobretudo em câmaras governadas pela extrema-esquerda tipicamente com maior limitação da iniciativa privada e risco de regulamentação e taxação das atividades económicas; ou pelo contrário identificar sinais de que existe abertura para uma maior colaboração das autarquias com o setor privado, com propostas focadas na capacidade das empresas em inovar e gerar emprego, o que necessariamente gera uma maior confiança junto dos empresários e investidores.

Se o liberalismo económico é tipicamente associado à direita – e ocupa efetivamente um papel central na maioria dos programas eleitorais e de PSD, CDS e independentes deste quadrante –, os resultados de domingo trouxeram boas notícias para as empresas. A nível nacional, o PS continua a controlar uma maioria de câmaras, mas com menor necessidade de criar acordos com a extrema-esquerda, o PCP em particular, dando aos socialistas uma maior liberdade política para estabelecer parcerias com o setor privado em projetos estruturantes. Por outro lado, os resultados à direita são prova do desgaste do modelo económico socialista e da procura de alterativas por parte das populações.

A vitória de Carlos Moedas em Lisboa é prova disso mesmo: um candidato com um longo historial no setor privado, sensível às necessidades das empresas, com a capacidade de compreender o impacto da iniciativa privada e da inovação no crescimento económico da região e do país.

Mesmo no Porto, Rui Moreira terá de encontrar entendimentos à direita com Vladimir Feliz, um homem ligado às novas tecnologias e ao turismo e que prometeu lutar contra a “autarquização"’ da Economia.

Em termos de produção de riqueza, se considerarmos para os números pré-pandémicos (2019), os partidos e independentes de direita governam hoje os principais motores de crescimento e desenvolvimento do país, incluindo 14 das 20 capitais de distrito que representam a maior fatia do PIB e da população ativa, a saber Lisboa, Porto, Braga, Viseu, Coimbra, Aveiro, Bragança, Portalegre, Santarém, Faro, Funchal e Ponta Delgada, e ainda municípios com forte peso económico como Oeiras e Cascais.

A maioria dos programas dos vencedores nestas cidades demonstra uma forte aposta em propostas económicas mais liberais, apostando tanto em medidas fiscais para atrair investimento, como em investimento público orientado à criação de centros de negócio e de apoio ao emprego e à formação. Programas como o Oeiras Valley, de Isaltino Morais; a Fábrica de Unicórnios, de Carlos Moedas; a Associação de Promoção do Investimento, de Rui Moreira; ou o reforço do InvestBraga, de Ricardo Rio são exemplos de que os resultados deste domingo trazem mais oportunidades do que riscos para as empresas e de que a gestão dos fundos do PRR pelos municípios pode inclinar-se para um maior apoio à iniciativa privada do que inicialmente esperado.

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