Câmara de Gaia cria projecto de acompanhamento e inclusão de sem-abrigo

InteGrar irá apoiar pelo menos 80 pessoas durante dois anos, através de um acompanhamento personalizado e contínuo.

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Projecto aguarda apenas a criação de um espaço físico para arrancar Paulo Pimenta / Arquivo

A Câmara de Gaia está a estudar a instalação, na avenida da República, de uma casa de acolhimento, integração e inclusão dos sem-abrigo do concelho, revelou esta quarta-feira à Lusa a vereadora da Acção Social, Marina Mendes.

O projecto, que representa um investimento de 170 mil euros, é financiado em 85% pelo Norte 2020, através do Fundo Social Europeu (FSE) (135 mil euros), e “aguarda apenas a criação do espaço para arrancar”, indicou a autarca.

“O projecto ainda não arrancou por causa do espaço físico, dado ter de ser alugado. Já temos uma hipótese e será na zona da avenida da República, pois tem de ser numa zona bem coberta pelos transportes para que as pessoas possam usufruir diariamente do espaço”, acrescentou.

Segundo o comunicado da autarquia, o projecto InteGrar foi aprovado pelo Programa Operacional Regional do Norte - Norte 2020 - e será promovido em parceria com a Gaiurb, a delegação de Gaia da Cruz Vermelha Portuguesa e a Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES).

O projecto terá um “período temporal de dois anos, terá como base de intervenção pelo menos 80 sem-abrigo, o que não invalida que se atinja o número de pessoas evidenciadas no diagnóstico, quer pela via do acompanhamento pela equipa, quer pela via do atendimento, informação e encaminhamento para resposta da rede ou pela procura autónoma por parte dos sem-abrigo”, acrescenta.

Através de um conjunto de acções, “pretende-se uma resposta integrada de acompanhamento, trabalhando a prevenção para o fenómeno e uma intervenção especializada com vista à reinserção social e profissional e o combate à sua reincidência”, lê-se ainda no comunicado.

O apoio passa por “um acompanhamento personalizado e contínuo a cada pessoa, através de uma equipa multidisciplinar, com o objectivo de promover a autonomia, a responsabilização, o empoderamento e a inclusão social”.

“É um projecto abrangente, não há um limite de pessoas para serem acompanhadas. O número de sem-abrigo no concelho de Gaia será sempre o número tangível para o nosso projecto, porque nenhum deles ficará sem apoio se o solicitar”, salientou Marina Mendes.

De acordo com a autarquia, esta inclusão “assentará no plano individual mediante a motivação, as aspirações e os desejos pessoais, promovendo competências pessoais, sociais e de empregabilidade”.

A casa de acolhimento será “uma resposta diurna, de convívio, lazer e actividades lúdico/didáticas, um espaço de socialização que potencie a procura dos serviços, o acesso a informação sobre os recursos existentes na rede social, bem como o acesso a bens de primeira necessidade e a kits alimentares”, continua o documento.

Estão também previstas “acções de capacitação e empregabilidade, a criação e dinamização do grupo de auto-ajuda e um programa de treino de competências para a vida”, acrescenta.

“É óbvio que não poderemos impor [a comparência na casa], mas a maioria dos sem-abrigo de Gaia estão a ser acompanhados por equipas no terreno e será dada continuidade a esse apoio bem como a outros que precisem de ajuda e que não tenham ainda esse acompanhamento”, completou a autarca.

Segundo a autarquia, Gaia tem vindo a registar um crescente número de pessoas sem-abrigo. A 31 de Dezembro de 2019, o concelho tinha 188 pessoas nesta situação, sendo o segundo concelho da Área Metropolitana do Porto com mais sem-abrigo, dos quais 103 sem tecto e 85 sem casa.

Três meses depois, em Março de 2020, depois de um diagnóstico para a implementação do NPISA (Núcleo de Planeamento e Intervenção dos Sem-Abrigo) de Gaia, constatou-se a existência de 201 pessoas, sendo 116 sem tecto, a viver em espaços públicos, abrigos de emergência e locais precários, e 85 sem casa, assinala ainda o documento.

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