Associação Nacional de Municípios quer que vacinação regresse aos centros de saúde

Depois de a task force ter levantado a possibilidade de vacinar contra a gripe nos centros de vacinação anticovid-19, municípios entendem que instalações devem ser libertadas. Mas admitem excepções.

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Paulo Pimenta

“Só se justifica se houver mesmo necessidade absoluta.” É assim que o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, reage à possibilidade levantada pela task force de os centros de vacinação contra a covid-19 servirem também a campanha de vacinação contra a gripe

Apesar de as câmaras terem disponibilizado pavilhões e outras infra-estruturas municipais para ajudar a vacinar em massa, a ANMP considera que a campanha contra a gripe deve marcar o regresso das inoculações aos centros de saúde. “Os centros de saúde têm de voltar à sua actividade normal”, diz Manuel Machado, embora conceda que “há sítios onde é mesmo necessário” que os espaços continuem a ser disponibilizados pelas câmaras, “porque não há mesmo alternativa”. “Na maior parte [dos sítios] já existe alternativa”, entende.   

“Não somos fundamentalistas”, sublinha, para dizer que, onde se justificar, os presidentes de câmara irão, em diálogo com os directores de Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), decidir “se mantêm essa disponibilidade ou não”. Se for necessário, essas conversações podem estender-se às Administrações Regionais de Saúde ou ao Ministério da Saúde, analisa o responsável, que falava em conferência de imprensa na manhã desta terça-feira em Coimbra, no final da reunião do conselho directivo da ANMP. “A situação terá de ser medida “de terra para terra ou de ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde] para ACES.” 

E se os centros de saúde têm de regressar à sua actividade normal, o mesmo princípio é aplicado às instalações que até agora serviram de centros de vacinação covid-19. “Agora vão ser precisos para a actividade normal como o desporto, a ginástica”, diz Manuel Machado. 

A possibilidade de estender a actividade destes espaços à campanha contra a gripe apanhou os autarcas de surpresa e há mesmo uma questão formal que ainda não foi tratada. “Em termos objectivos, que a ANMP conheça, não há nenhuma proposta, nenhuma formalização”, diz o autarca dessa proposta de vacinação contra a gripe. Ainda assim, refere que “há abordagens que são feitas no terreno e é conhecida a declaração da task force”.

Num momento em que já há autarquias a desmontar os seus centros de vacinação e no dia é que é declarado o fim da missão da task force, Machado lembrou também que é preciso pôr números no esforço das câmaras. Têm “de ser escrituradas as despesas para haver compensação nos sítios onde tal se justifique”, sublinhou.

Houve uma “ocupação de instalações plenamente justificada”, mas “agora é preciso fazer um esforço para fazer essas instalações voltarem ao uso comum do benefício colectivo que lhe está inerente”, lembrou o também presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que vai deixar a liderança da ANMP por ter perdido as eleições de domingo. 

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