Juiz liberta John Hinckley Jr., o homem que tentou matar Ronald Reagan

Departamento de Justiça concorda com a decisão do tribunal, mas defende que o levantamento das restrições só deveria acontecer em 2022. Filha do ex-Presidente dos EUA opõe-se e diz não acreditar que Hinckley tenha remorsos.

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John Hinckley Jr. esteve internado num hospital psiquiátrico durante três décadas DR

Um juiz norte-americano ordenou a libertação “sem restrições” de John Hinckley Jr., o homem que disparou contra o ex-Presidente dos EUA Ronald Reagan e outras três pessoas, numa tentativa de assassínio em 1981. “Ao fim destes anos todos, vou autorizar a libertação sem restrições do sr. Hinckley”, disse o juiz Paul Friedman numa audiência na capital dos EUA, Washington D.C., na segunda-feira.

Em 2016, o mesmo juiz autorizou a saída de John Hinckley Jr. do hospital psiquiátrico onde estava internado há três décadas, mas impediu-o de viajar e de usar a Internet. 

Segundo o juiz, os problemas de saúde mental de Hinckley “estão em remissão” e ele já não representa um perigo para a sociedade. A ordem definitiva para a libertação vai ser publicada no final da semana.

Durante a audiência, a procuradora Kacie Weston disse que o Departamento de Justiça dos EUA concorda com a libertação de Hinckley sem restrições. Mas também disse que não concorda com o levantamento dessas restrições antes de Junho de 2022, para que os procuradores possam continuar a monitorizar o comportamento de Hinckley enquanto ele se habitua a viver sozinho após a morte da mãe.

A filha de Ronald Reagan, Patti Davis, escreveu no jornal The Washington Post que se opõe à libertação e teme que Hinckley tente contactá-la. “Não acredito que John Hinckley tenha remorsos”, disse Davis.

Ronald Reagan teve um pulmão perfurado na sequência dos disparos, a 30 de Março de 1981, mas recuperou rapidamente. Os outros feridos foram o porta-voz da Casa Branca, James Brady; o agente dos Serviços Secretos Timothy McCarthy; e um polícia de Washington D.C., Thomas Delahanty.

No julgamento, em 1982, Hinckley não foi dado como culpado, por motivos de insanidade — um veredicto que levou o Congresso dos EUA e alguns estados norte-americanos a apertarem os critérios para a apresentação de uma defesa por insanidade.

A tentativa de assassínio de Reagan foi também o momento que marcou o início do mais recente movimento a favor do controlo do uso de armas nos EUA, com o envolvimento de James Brady e da sua mulher, Sarah Brady. O ex-porta-voz da Casa Branca, que ficou confinado a uma cadeira de rodas até à sua morte, em 2014, dá o nome à organização Brady, que defende restrições à compra de armas nos EUA.

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