Ópera Metropolitana de Nova Iorque apresenta obra de músico negro pela primeira vez em 138 anos

Fire shut up in my bones é uma ópera composta pelo trompetista de jazz Terence Blanchard.

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Dirk Neven/ wiki commons

A Ópera Metropolitana de Nova Iorque, nos EUA, vai apresentar pela primeira vez, em 138 anos de história, uma obra de um compositor negro, depois de ter estado encerrada durante um ano e meio, devido ao contexto pandémico.

Conhecida por “Met Opera”, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque regressa aos palcos esta segunda-feira, quase dois anos depois, com uma estreia histórica: uma composição do trompetista Terence Blanchard.

Em 138 anos de existência e apesar de grandes compositores afro-americanos nos Estados Unidos da América, como William Grant Still, a prestigiada casa de ópera nunca havia apresentado obras de músicos negros. O dia histórico está agendado para o início desta semana, com Fire shut up in my bones (O fogo calado nos meus ossos, em tradução simples), de Terence Blanchard, um trompetista de jazz de renome e famoso por ter escrito bandas sonoras de muitos filmes Spike Lee.

O libreto, escrito pelo cineasta norte-americano Kasi Lemmons, é baseado nas memórias de Charles Blow, um colunista do jornal The New York Times, que narra a sua passagem para a vida adulta, como um rapaz negro sul dos EUA luta contra o racismo e maus-tratos e a descoberta da sexualidade.

Na final de 2019, a “Met Opera” fez o anúncio, mas sem especificar quando é que seria apresentada, depois de ter passado em Saint-Louis (Missouri). Um ano e meio depois, e após o caso de George Floyd, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque apresenta Fire shut up in my bones na reabertura pós-covid (e até 23 de Outubro), tornando esta obra um símbolo ainda maior.

Durante a pandemia, a “Met Opera”, que é a maior empregadora dos EUA na área dos espectáculos ao vivo com mais de 3.000 funcionários, também teve de enfrentar longas negociações, num cenário de cortes salariais, para poder retomar. No final de Agosto foi alcançado um acordo que prevê cortes nos salários dos músicos, com a administração a comprometer-se em repô-los, quando a receita de bilheteira atingir 90% dos níveis anteriores à pandemia.

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