R. Kelly enfrenta o resto da vida na prisão depois de condenado por tráfico sexual

O cantor enfrenta prisão perpétua por nove acusações, além das quais ainda deverá responder a acusações federais em Chicago por pornografia infantil e obstrução à justiça, além de acusações estaduais no Illinois e no Minnesota.

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R. Kelly manteve-se sentado enquanto o representante do júri leu o veredicto de culpa Reuters/JANE ROSENBERG

O cantor norte-americano R. Kelly foi condenado por um júri federal, esta segunda-feira, num julgamento por tráfico sexual, onde foi acusado pelos procuradores de usar o estrelato durante um quarto de século para atrair mulheres e jovens menores de idade para relações sexuais. 

Os jurados no tribunal federal em Brooklyn, Nova Iorque, deliberaram por pouco mais de um dia antes de votarem a favor da condenação do cantor de R&B, de 54 anos, em todas as nove acusações que enfrentou num julgamento de cinco semanas e meia. Kelly arrisca cumprir prisão perpétua depois de ser sentenciado a 4 de Maio de 2022.

O cantor, cujo nome completo é Robert Sylvester Kelly, é uma das pessoas mais proeminentes julgadas por acusações sexuais durante o movimento #MeToo — que ampliou as acusações que o perseguiam desde o início dos anos 2000.

Kelly foi acusado por um crime de extorsão e oito de violação da Lei Mann, que proíbe o transporte de pessoas além das fronteiras estaduais para prostituição.

Os procuradores argumentaram que o homem aproveitou a fama e o carisma para recrutar vítimas, incluindo algumas arrancadas da multidão durante concertos com a ajuda de pessoas da sua equipa.

De acordo com as testemunhas ouvidas, algumas das vítimas esperavam que o cantor as ajudasse a lançar uma carreira, mas viriam a descobrir que exigia obediência estrita e que as puniria se falhassem. Várias testemunhas recordaram que Kelly instalava medo se as jovens não atendessem a todas as suas necessidades, sexuais e outras.

Entre as alegadas vítimas estava a falecida cantora Aaliyah, com quem se casou breve e ilegalmente em 1994, quando tinha 15 anos. 

Kelly negou repetidamente as acusações de abuso sexual, mas não chegou a testemunhar na sua defesa. Os advogados de defesa procuraram retratar as acusadoras como antigas fãs que se sentiram rejeitadas quando deixaram de cair nas suas graças, argumentando que as relações sexuais teriam sido consensuais.

A defesa questionou, também, o facto de algumas delas terem continuado com o cantor muito depois dos relatados abusos, não tendo recorrido à polícia e esperado anos para o acusar.

Apesar desta condenação, Kelly ainda enfrenta acusações federais em Chicago por pornografia infantil e obstrução à justiça, e acusações estaduais no Illinois e no Minnesota.

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