Cinco artistas portugueses na exposição “Peninsulares” com arte têxtil em Madrid

A arte têxtil portuguesa contemporânea nasceu na década de 1960, altura em que surgiram as primeiras tapeçarias experimentais, mas atualmente, cada vez mais artistas estão a introduzir este elemento nas suas produções.

Foto
Museu Nacional de Artes Decorativas em Madrid acolhe exposição até 14 de Novembro DR

Cinco artistas portugueses estão entre os dez que participam na exposição “Peninsulares”, com obras que usam elementos e técnicas têxteis, patente até 14 de Novembro, no Museu Nacional de Artes Decorativas, em Madrid.

Na mostra, que abriu na semana passada, os artistas portugueses Rosa Godinho, Conceição Abreu, Ana Fernandes, Alves Dias e Hugo Brazão expõem lado a lado com os artistas espanhóis Maribel Binimelis, Amparo de la Sota, Maria Jesus Manzanares, Melchior Martí, e Concha Romeu.

A exposição está inserida nos Segundos Encontros Ibéricos de Arte Têxtil Contemporânea, um projecto iniciado em 2013 em Guimarães e em Madrid, com a finalidade de “promover a arte têxtil contemporânea de ambos os países”, segundo a comissária Lala de Dios, citada pelo jornal El País, que reparte a responsabilidade da mostra com a portuguesa Cláudia Melo.

“Todos os artistas partem de abordagens pessoais multidisciplinares que exploram o potencial formal e conceptual dos elementos têxteis, e empregam diferentes técnicas de criação de tapetes e de bordados para criar esculturas e colagens, ou usam peças de tecido de uso quotidiano, como camisas de linho e mantas portuguesas, intervencionadas para lhes dar um novo significado”, pode ler-se no comunicado do museu.

Rosa Godinho, formada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, apresenta “Memories”, um enorme tríptico de traços circulares em tons azuis, criada com vários materiais têxteis de algodão e também com papel japonês.

“Nos últimos anos da minha licenciatura, tive disciplinas em arte têxtil, embora naquela época não houvesse tanta experimentação”, disse, também ao El País, acrescentando que o seu trabalho evoluiu com novos materiais, como os papéis japoneses, e a sobreposição de várias camadas transparentes.

Conceição Abreu, que faz as suas criações nos locais que frequenta, como o seu jardim ou as ruas da cidade onde vive, de forma a reproduzir esse ambiente, apresenta uma escultura com fios de cânhamo pendurados em espiral, presa à parede do museu.

Já o artista Hugo Brazão usa diversos materiais têxteis (algodão, juta e lã) para criar uma grande estrutura em feltro e tinta acrílica, estampada em madeira e gravada em mármore, que se destaca nas paredes brancas.

A arte têxtil portuguesa contemporânea nasceu na década de 1960, altura em que surgiram as primeiras tapeçarias experimentais, mas actualmente, cada vez mais artistas estão a introduzir este elemento nas suas produções “devido ao desejo de regressar à sensorialidade que se perde com a euforia digital, e à procura de novos materiais que enriquecem a cultura”, explicou ao diário espanhol Cláudia Melo.

As artistas espanholas mostram também obras que misturam a contemporaneidade e os temas clássicos: Maribel Binimelis apresenta duas esculturas inspiradas em temas religiosos e da cultura grega, Concha Romeu expõe uma colecção de lençóis de algodão preto lapidado e bordado, onde se vêem os vestígios do fio, Melchior Martí exibe três trajes em tecido, Amparo de la Sota apresenta “Medusa”, uma obra experimental com várias formas e volumes que inclui peças antigas, de família.

A exposição, que evoca os saberes tradicionais do têxtil, para destacar o seu valor económico, social, patrimonial e artístico, vai estar patente em Madrid, com entrada gratuita, até 14 de Novembro.