Cinco palestinianos mortos por forças israelitas na Cisjordânia ocupada

Israel diz ter lançado uma operação contra “terroristas do Hamas prestes a realizar ataques terroristas”. Dois soldados ficaram “gravemente feridos”, segundo os media israelitas.

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A mãe de Osama Soboh, no seu funeral em Burqin, na Cisjordânia ocupada por Israel RANEEN SAWAFTA/Reuters

As forças israelitas mataram cinco palestinianos numa operação na Cisjordânia neste domingo, confirmou o Ministério da Saúde palestiniano. Três pessoas morreram na vila de Biddu, a noroeste de Jerusalém, e duas em Burqin, a sudoeste da cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada. De acordo com os media israelitas, os raides do Exército tinham como objectivo prender “operacionais do Hamas”, e dois soldados foram “gravemente feridos” nos confrontos que se seguiram.

As famílias dos palestinianos mortos já os identificaram. Em Biddu, morreram Ahmad Zahran, Mahmoud Hmaidan e Zakariya Badwan; em Burqin, Osama Soboh, um jovem de 22 anos, e o adolescente Yousif Soboh, de 16 anos, disse à Al-Jazeera Mohammad Hleil, porta-voz do Ministério da Saúde palestiniano.

O Museu Palestiniano de Birzeit, perto de Ramallah, disse à televisão pan-árabe que Zakariya Badwan trabalhava no museu. Numa publicação nas redes sociais, a direcção do museu diz ter “recebido as notícias com choque total e imensa tristeza”. “Lembramos o nosso querido Zakariya pela sua amabilidade, simpatia e pelo seu sorriso sempre alegre”, lê-se no post, onde se acrescenta que o museu estará encerrado em memória de Zakariya “e dos mártires palestinianos que foram mortos esta madrugada”.

Hleil disse à televisão pan-árabe que o Exército israelita ficou com os corpos dos três palestinianos de Biddu, enquanto Osama Soboh morreu no hospital Ibs Sina, em Jenin. Segundo a agência oficial de notícias palestiniana, Wafa, Soboh foi morto quando os militares atacaram Burqin e cercaram uma casa, o que levou a uma troca de tiros. Zahran, Hmeidan e Badwan foram mortos num confronto armado com os militares, quando estes atacaram Beit Anan, perto de Biddu.

Num comunicado, o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, diz que o seu Governo de Israel lançou esta operação para travar “terroristas do Hamas prestes a realizar ataques iminentes”, sem fazer referência a mortos. Os soldados lançaram outros raides nas vilas de Kufrdan e Yaabad, em Jenin, onde detiveram palestinianos.

A família de Zahran conta que as forças israelitas o perseguiam há semanas, tendo já detido e interrogado membros da sua família. A mãe, ouvida por jornais locais, acusa a Autoridade Palestiniana de colaborar com Israel nessas detenções, dizendo que as forças leais a Mahmoud Abbas também fizeram buscas recentes em sua casa. “Foi a Autoridade Palestiniana que mandou os israelitas até nós”, denunciou.

O primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, ​Mohammad Shtayyeh, lamentou a morte dos quatro homens num comunicado. “Paciência e consolo para as suas famílias e próximos, e liberdade para o nosso povo desta ocupação criminosa e das suas contínuas violações”, lê-se no comunicado.

As operações militares israelitas em vilas e cidades da Cisjordânia são quase diárias, mas nos últimos meses os soldados têm sido recebidos com disparos por parte dos residentes palestinianos na área de Jenin. Em Agosto, o Exército matou quatro palestinianos numa operação que provocou confrontos armados num campo de refugiados de Jenin.

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