Primeiro Parlamento de maioria feminina na Europa eleito na Islândia

Os partidos da coligação no poder elegeram 37 deputados. O Movimento Esquerda-Verde, da primeira-ministra, teve 12,6% dos votos, o Partido da Independência, 24,4%, e o Partido Progressista, 17,3%.

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O partido da primeira-ministra islandesa, o Movimento Esquerda-Verde, elegeu oito deputados, menos três do que nas eleições anteriores NTB SCANPIX/Reuters

O partido da primeira-ministra islandesa perdeu três deputados nas eleições deste sábado, mas a coligação que governa a Islândia conseguiu uma maioria de 37 deputados dos 63 que compõem o Parlamento. Estas são as primeiras eleições legislativas em que foram eleitas mais mulheres do que homens para o Althing, que assim se torna o primeiro Parlamento europeu com uma maioria feminina.

Nota: Após uma recontagem na região Oeste da Islândia, o número de mulheres eleitas para o Althing desceu de 33 para 30, o que anulou a maioria que se previa após a contagem inicial. A notícia actualizada pode ser lida aqui.

As sondagens indicavam uma vitória para os partidos de esquerda numas eleições consideradas imprevisíveis devido à participação de dez formações. Para além disso, depois de um Verão excepcionalmente quente para os padrões da Islândia – a registar temperaturas acima dos 20ºC – e com o degelo dos glaciares, as alterações climáticas foram empurradas para o centro da agenda política.

Mas não foi o suficiente para se traduzir no apoio aos quatro partidos de esquerda, que apelaram nas suas campanhas a um maior corte das emissões de carbono. Na realidade, foi o Partido da Independência, de centro-direita, que arrecadou a maioria dos votos (24,4%), elegendo 16 deputados. O Partido Progressista também registou ganhos significativos, conseguindo eleger 13 deputados, mais cinco face às últimas eleições. No total, teve 17,3% dos votos.

Já o Movimento Esquerda-Verde, da primeira-ministra, Katrín Jakobsdóttir, teve 12,6% dos votos e elegeu oito deputados, tendo agora uma bancada com menos três lugares. Ainda assim, superou as previsões das sondagens – que sugeriam que a coligação não atingiria a maioria. 

Jakobsdóttir liderou o primeiro Governo que concluiu um mandato completo depois de uma década de crises. Entre 2007 e 2017, a população foi às urnas cinco vezes, na sequência de uma série de escândalos e de uma desconfiança crescente em relação à classe política. Embora a primeira-ministra continue popular, o seu partido tem perdido apoio.

Antes das eleições, o Governo era composto por uma coligação do Movimento Esquerda-Verde, do conservador Partido da Independência e do liberal Partido Progressista. Depois do voto, os três partidos conseguiram 37 assentos dos 63 do Althing. Todos disseram que iriam negociar uma nova aliança caso assegurassem a maioria.

Estas eleições também correspondem à primeira vez em que são eleitas mais mulheres (54%) do que homens para o Parlamento islandês, que tem agora 33 mulheres (no último mandato eram 24) e 30 homens. O único país europeu que se aproxima desta representação é a Suécia, que conta com 47% de mulheres deputadas.

Ao contrário de outros países, a Islândia nunca instituiu quotas de representação feminina no Parlamento, mas alguns partidos obrigaram-se a ter um número mínimo de candidatas nas listas. Foi o primeiro país do mundo a eleger uma mulher Presidente, em 1980, e tem uma lei sobre igualdade de salários desde 1961.

Lenya Rún Taha Karim, do Partido Pirata, na oposição, foi uma das eleitas. Com apenas 21 anos, será a mais jovem deputada de sempre no país. “Não acordei há muito tempo – não vou mentir sobre isso –, tirei o telefone do modo avião e estava tudo a explodir”, disse aos jornalistas. “Cheio, cheio, cheio de mensagens, e eu consegui reparar numa que dizia: ‘Parabéns’, e então presumi que tinha sido eleita.”

Só cinco outros países têm parlamentos onde as mulheres ocupam pelo menos metade dos lugares: o Ruanda encabeça a lista, com 61,3% de mulheres na sua câmara baixa; é seguido por Cuba, onde as mulheres ocupam 53,4% dos lugares; Nicarágua, com 50,6%; e México e Emirados Árabes Unidos, ambos com 50%.

Nota: Após uma recontagem na região Oeste da Islândia, o número de mulheres eleitas para o Althing desceu de 33 para 30, o que anulou a maioria que se previa após a contagem inicial. A notícia actualizada pode ser lida aqui.

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