Marcel Schneider vence Open de Portugal, Melo Gouveia 4.º

Alemão vence em Royal Óbidos para segundo título da época no Challenge Tour

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Marcel Schneider com troféu, ao lado do presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa © Ramiro de Jesus

Marcel Schneider tornou-se hoje no primeiro alemão a vencer o Open de Portugal, um dos mais antigos torneios do circuito profissional europeu, e precisou de um final emocionante, com um putt monstruoso para eagle, para ganhar pela margem mínima de uma pancada a 59.ª edição da prova da Federação Portuguesa de Golfe que, pelo segundo ano, realizou-se no Royal Óbidos Spa & Golf Resort. 

É caso para dizer que em Royal Óbidos, no campo desenhado pelo saudoso Seve Ballesteros, 19 pancadas abaixo do Par é a marca dos campeões. Foi com esse resultado que Garrick Higgo triunfou em 2020, sendo então o primeiro sul-africano a triunfar no Open de Portugal, e foi com as mesmas 269 pancadas, 19 abaixo do Par, que Marcel Schneider bateu o francês Frédéric Lacroix. 

O alemão de 31 anos somou voltas de 68, 66, 65 e 70, embolsou 32 mil euros, o prémio principal do total de 200 mil euros que esteve em jogo esta semana no Challenge Tour, a segunda divisão europeia. Schneider conquistou o seu segundo título do ano neste circuito, o terceiro da sua carreira, e saltou de 22.º para 10.º na Corrida para Maiorca, o ranking do Challenge Tour em que Ricardo Melo Gouveia é o n.º2. 

Ricardo Melo Gouveia provou que tinha razão quando, no início do torneio, declarou que era candidato ao título. Hoje voltou a entregar um cartão de 66 (-6) e obteve a sua melhor classificação de sempre na prova (4.º lugar) e o seu melhor resultado de sempre no torneio (-13). Com voltas de 72, 66, 71 e 66, o profissional da Quinta do Lago ficou empatado com sueco Jens Dantorp e cada um recebeu 11 mil euros. 

Pedro Figueiredo não logrou igualar o top-20 do ano passado e concluiu a prova em 30.º, empatado com outros três jogadores, com 282 pancadas, 6 abaixo do Par, após rondas de 70, 72, 68 e 72. Ganhou 1.580 euros e regressa confiante ao European Tour. 

Miguel Gaspar também fixou um recorde pessoal de classificação e resultado no Open de Portugal, ao fechar a sua prestação em 62.º, com 290 (70+73+72+75), +2, embolsando 580 euros. 

A luta pelo n.º1 

O espanhol Santiago Tarrio (que não veio a Óbidos), Ricardo Melo Gouveia e o alemão Marcel Schneider são os únicos que venceram dois títulos este ano no Challenge Tour e estão todos na luta pelo posto de n.º1 no final do ano. Tarrio é o atual n.º1. Tudo deverá decidir-se na Rolex Challenge Tour Grand Final, em novembro, em Maiorca, mas o português encurtou a distância de 35 mil para 24 mil pontos. 

Final de loucos 

Valeu a pena ver o final do torneio e felizmente algum público viajou a Óbidos, sobretudo para acompanhar Ricardo Melo Gouveia e Pedro Figueiredo, que jogaram juntos, no mesmo grupo com um grande craque do passado, o norte-irlandês Michael Hoey, vencedor do Open de Portugal em 2009 e do Open da Madeira em 2011. 

Marcel Schneider, tal como Pedro Figueiredo, fez um duplo-bogey no buraco 2 e foi ultrapassado no topo do leaderboard pelo espanhol Alejandro del Rey (72+64+66+71), que acabaria em 3.º (-15). Entretanto, outro candidato chegou-se à frente, o francês Frédéric Lacroix (68+71+66+65). O gaulês assinou o melhor cartão do último dia e ficou na clubhouse com -18 a pensar que ou seria campeão ou iria a play-off

Schneider chegou ao green do último buraco com -17. Tinha um putt enorme para eagle. O alemão disse ao Gabinete de Imprensa do Open que eram 12 metros, o press officer do Challenge Tour publicou 9 metros, o presidente da FPG calculou em 20. Pouco importa, era um monstro de putt. Se o metesse era campeão, se precisasse de dois putts iria a play-off, se fizesse três putts seria vice-campeão. Vale a pena ver nas redes sociais do Open a sua reação quando a bola entrou no buraco. Uma festa que se prolongou por minutos. 

Há um ano, Schneider tinha subido ao European Tour (a primeira divisão europeia) por ter terminado no Challenge Tour no top-5, mas as coisas não lhe correram bem no circuito principal após 14 torneios disputados. Tinha duas opções: ou insistir no European Tour e rezar por grandes resultados, ou voltar ao Challenge Tour e tentar encerrar a época no top-20 para voltar a garantir o cartão do European Tour em 2022. Escolheu a segunda hipótese e saiu-se bem. Ganhou na República Checa em julho, em Portugal em setembro, está no top-10 do ranking e tem praticamente assegurada a manutenção no circuito principal em 2022. 

Como lhe disse o presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa, ao entregar-lhe o troféu, “só sabes ganhar em Portugal”. Em 2012, como amador, no Algarve, em Monte Rei, disputou-se o Sir Michael Bonallack e Schneider contribuiu com 4 vitórias e apenas 1 derrota para o triunfo da seleção da Europa sobre a sua congénere da Ásia-Pacífico. 

Em 59 edições do Open, este foi o 50.º jogador a ser coroado campeão e a Alemanha foi o 16.º país diferente a vencer o mais antigo torneio profissional português. 

Declarações 

Marcel Schneider: “Ainda estou em pulgas, estou sem palavras, isto significa muito. No início do ano a minha prioridade era o European Tour, mas não estava a sair-me bem. Com mais oportunidades no Challenge Tour, achei que teria mais hipóteses de assegurar o cartão para o European Tour e estou satisfeito de ter feito isso. (…) Antes daquele putt só pensei que tinha um voo dali a umas horas e ou metia aquele putt ou iria falhar o voo. Foi um final de prova duro, mas geri bem os nervos e tive um pouco de sorte no último buraco. Ter jogado no European Tour ajuda, sobretudo mentalmente, a enfrentar momentos destes. Eu sabia que o meu jogo não estava tão bom como nos dias anteriores, mas também sabia que os outros tipos quando se vissem à frente iriam sentir a pressão.” 

Ricardo Melo Gouveia: <3Foi um excelente início. Estava confiante, fiz um birdie no 2, depois no 3 tive uma má decisão no shot ao green e fiz bogey, mas um bom bogey, sabia que tinha muitas oportunidades. Hoje já meti dois putts grandalhões (com um eagle no buraco 5) e quase metia outro no 18. A celebração no final foi a mistura de duas coisas: o facto de ter metido o putt e de ter feito uma boa volta, mas também a frustração das voltas menos boas, pois sem essas voltas estaria a lutar pelo título. Mas estou contente, estou no bom caminho, para no próximo ano ter uma época positiva no European Tour. Sempre que conseguimos um top-10 é uma semana positiva.” 

Pedro Figueiredo: “Valeu a pena, o mais possível, ter vindo jogar o Open. Jogar em casa é sempre especial, sobretudo hoje a jogar com o Ricardo, foi um dia bom, portanto, sempre que puder, estarei aqui para ajudar o golfe português. (…) Hoje tive um mau começo, ia com 3 acima do Par ao fim de quatro buracos, era difícil remar contra a maré e ainda consegui acabar a Par do campo, mas obviamente que não era a volta que eu queria para acabar este Open de Portugal. Ainda assim no 17 salvei um bom Par e acabei com birdie no 18, é com essas boas sensações que saio daqui. De certa maneira acho que joguei bem esta semana e isso dá-me confiança para os torneios que vêm aí.” 

Miguel Gaspar: “Nos últimos nove buracos fiz o bom golfe que tenho jogado esta semana. Os primeiros nove não foram assim tão maus, mas tive algum azar no 18. Saio com boas sensações, especialmente estes últimos nove buracos. Até disse ao Pedro (Almeida, o caddie) que a jogar assim dificilmente iria acabar a volta acima do Par. Infelizmente não converti os birdies, porque poderia ter feito à vontade umas 4 ou 5 abaixo (fez -1). (…) Joguei os últimos quatro Portugal Masters e nunca passei o cut. Sinto que tenho agora nestas duas últimas semanas o jogo para isso. Tenho ainda em Itália um torneio do Alps Tour e se jogar assim tenho tudo para correr bem e ganhar os pontos de que necessito para fazer parte dos escolhidos para o Portugal Masters.”

 

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