Na recta final, Rio pediu aos eleitores para não embarcarem nas “rajadas de promessas” de Costa

Rui Rio foi aos Açores encerrar a campanha autárquica. Vincou as ‘bandeiras’ da descentralização e da revisão constitucional e criticou António Costa por prometer o que não pode cumprir.

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EPA/EDUARDO COSTA

Foi no centro histórico de Ponta Delgada, a maior cidade dos Açores e um bastião social-democrata, que o PSD encerrou a campanha eleitoral para as próximas eleições autárquicas. No discurso final, Rui Rio criticou António Costa por ter andando a distribuir promessas ao longo da campanha e puxou pelas bandeiras do partido nos últimos tempos, como a revisão constitucional e a descentralização.

A descentralização foi, aliás, o mote para a escolha do local para o encerramento da campanha. Rui Rio passou os últimos dois dias em São Miguel – ontem quase se cruzou com António Costa na ilha - e na agenda oficial nem estava prevista a passagem pelo centro de Ponta Delgada.

Contudo, horas antes do encerramento da campanha, o local foi alterado para o coração da cidade. Também estava previsto Rio integrar a arruada do PSD pelas ruas da ‘baixa’, acompanhando o presidente do PSD-Açores e do governo açoriano, José Manuel Bolieiro, e o candidato a Ponta Delgada, Nascimento Cabral. Mas também esse cenário sofreu alterações: a arruada seguiu sem o líder nacional, que aguardou pela comitiva num café em frente ao palanque montado para os discursos.

Em frente às Portas da Cidade, ex-librís do concelho, falaram primeiro o candidato àquele município, que enalteceu as virtudes da matriz social-democrata. Depois, foi a vez de Bolieiro, que elogiou a escolha dos Açores para o encerramento da campanha. Até que chegou a vez de Rio tomar da palavra, perante o olhar surpreendido dos turistas que por ali passavam.

“Nós PSD somos o partido da autonomia, mas também somos o partido da descentralização”, começou por dizer, para justificar a escolha do local, concretizando depois: “os açorianos merecem porque conseguiram ao fim de 24 anos mudar de vida”, disse, referindo-se à mudança de poder nos Açores, conseguida com um acordo entre PSD, CDS, PPM, IL e Chega.

Ainda à boleia da descentralização, Rui Rio lembrou a proposta do partido para levar o Tribunal Constitucional para Coimbra, que foi aprovada no Parlamento, com a abstenção do PS. Uma iniciativa que ainda não está garantida: “Espero que aquela abstenção do PS não se traduza numa derrota do projecto na votação final e que o PS só não derrotou agora porque tem medo das eleições”.

Depois, chegou o tema da revisão constitucional, que vai incluir propostas de alteração ao sistema eleitoral e uma reforma da justiça, tal como Rio já tinha apresentado. A iniciativa vai incluir também uma velha reivindicação autonomia: a extinção do cargo de Representante da República nas regiões.

Antevendo as dificuldades para a aprovação do projecto, Rio embarcou nas críticas ao PS: o partido que “mais do que obreiro do sistema, confunde-se com o sistema”. “Não querem mudar nada (…) É a mesma coisa do que ir ter com o peru e pedir para ele votar no Natal”.

As críticas a António Costa e ao governo sucederam-se. Rio acusou Costa de só apoiar as “grandes empresas”, dando o exemplo da “TAP falida” e da Galp, que “só é má para o primeiro-ministro na campanha eleitoral”. O líder do PSD também criticou o governo por permitir que as pessoas fiquem “comodamente instaladas nos apoios sociais”, enquanto as empresas “precisam de mão-de-obra”: “eu quero dar os apoios sociais a quem verdadeiramente precisa, não quero dar os apoios sociais a quem o recebe apenas para não trabalhar”.

Depois, na recta final do discurso de cerca de 20 minutos, Rui Rio apelou aos eleitores para não embarcarem nas “rajadas de promessas” lançadas pela “metralhadora do doutor António Costa”, que “não fez mais nada nesta campanha eleitoral do que não fosse fazer promessas atrás de promessas”. O presidente do PSD veio preparado e enumerou uma extensa lista de promessas socialistas - como uma nova linha do metro em Gondomar ou a construção de estradas em Celorico de Basto.

Foi o mote para a conclusão do discurso: aquilo que “as pessoas mais criticam nos políticos” é que “prometem tudo e mais alguma coisa” na altura de campanha; logo, não devem embarcar nas promessas do PS. “Têm, portanto, os eleitores a oportunidade de nos dizerem a todos se vale a pena andar a prometer o que não se pode cumprir e enganar as pessoas ou se vale mais a pena ser sério”. O resultado, este, só será conhecido no domingo – e dele vai depender o futuro político de Rui Rio.

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