Mural de espelhos no Hospital Santa Maria “reflecte” profissionais de saúde e utentes

No mural Cuidar estão representados um cientista, uma enfermeira com uma paciente e um médico a auscultar um bebé. Os espelhos foram todos cortados à mão e o trabalho levou cerca de 810 horas a ser produzido.

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Osir

O artista Osir, cuja identidade se mantém desconhecida, está a construir uma instalação de espelhos numa parede exterior do Hospital Santa Maria, em Lisboa. O tema do mural é Cuidar e o objectivo é homenagear profissionais de saúde e utentes através de três representações distintas: um cientista, uma enfermeira e um médico.

“O foco principal da obra é o acto de reflectir”, diz o autor ao P3; por isso é que os materiais utilizados no mural são espelhos, como já é habitual no trabalho artístico de Osir. “Quero que cada pessoa que se cruze com a instalação possa reflectir nela, sobre ela e, também, sobre si própria.” Dos espelhos aproveitados para esta obra, grande parte foram recolhidos em caixotes do lixo ou em contentores de zonas industriais.

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Osir

“A ideia principal é a importância de cuidarmos uns dos outros, de nos apoiarmos mutuamente, dar sem receber”, explica o autor. Embora o mote tenha sido o contexto pandémico, o mural não pretende apenas assinalar o trabalho feito durante este período. “O acto de cuidar foi, na verdade, o antídoto para conseguirmos ultrapassar a solidão e a ansiedade potenciados pela quarentena”, comenta.

De acordo com Pedro Marques, do gabinete de comunicação do Hospital Santa Maria, a obra tem por base três ideias: “homenagear os profissionais de saúde pelo papel que tiveram na pandemia, humanizar os espaços hospitalares e apoiar os artistas”.

As imagens retratadas não são inspiradas em pessoas específicas, uma vez que a intenção é, segundo Osir, “representar símbolos e não indivíduos”. Uma parte do mural faz alusão à investigação com a figura de um cientista, “representando a procura de respostas e a pesquisa de soluções, sendo símbolo de inovação, superação e evolução”.

Ao centro, a imagem da paciente que é reconfortada pela enfermeira é uma menção aos cuidados clínicos, numa tentativa de demonstrar “o altruísmo como símbolo de amor, coragem e determinação”. Por último, vê-se na parede um médico a auscultar um bebé com um estetoscópio, ao mesmo tempo que segura a mão do recém-nascido, numa referência “à gratidão como símbolo de agradecimento, confiança e esperança”, pormenoriza Osir.

A ideia de criar um mural de espelhos surgiu no final de 2020, com um pedido do hospital ao artista. Primeiro, o projecto começou por ser desenvolvido em estúdio e o processo levou meses até estar concluído, tendo em conta que todos os espelhos foram cortados à mão – cerca de 810 horas de trabalho. A instalação do mural já arrancou e deve ficar concluída nos próximos dias. A inauguração da obra ainda não tem data definida.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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