Merkel, 16 anos no poder: estabilidade nas crises, resistência na mudança

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Num discurso perante alunos da Universidade de Harvard, em 2019, Angela Merkel lembrou como o Muro de Berlim havia limitado os seus movimentos e até as suas oportunidades. Mas nunca os seus pensamentos e sonhos. “Tudo o que parece estar gravado na pedra e inalterável pode, na verdade, mudar”, disse aos alunos. Seria a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a reunificação da Alemanha a abrir-lhe as portas da política.

“Ela quer que as pessoas aceitem a mudança, mas ela foi eleita e reeleita porque as pessoas viram nela a mulher que evitava a mudança, garantia estabilidade”, explicou ao PÚBLICO Ralph Bollmann, jornalista e biógrafo de Angela Merkel. “Esse é o grande paradoxo do seu legado”, conclui.

Para o autor da biografia Angela Merkel: a chanceler e o seu tempo (2021) e Angela Merkel e nós (2013), o pragmatismo e os seus valores marcaram a forma de fazer política da chanceler. Privilegiou sempre a estabilidade e a continuidade, evitando conflitos e procurando compromissos. Ao longo de 16 anos,  esteve ao leme da Europa durante sucessivas crises: crise financeira de 2008, crise da zona euro, crise na Ucrânia, crise dos refugiados, a eleição de Donald Trump e por fim a pandemia da covid-19.

E é assim que quererá ser recordada: “Ela quer ser lembrada como a mulher que tentou fazer o seu trabalho o melhor possível, e que foi capaz de compromissos".