OCDE confirma retoma europeia mais forte

Crescimento da zona euro revisto em alta, com destaque para uma variação do PIB de 6,8% em Espanha este ano, algo que pode constituir uma boa notícia para a economia portuguesa.

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Comércio a abrir em Madrid Reuters/JUAN MEDINA

Confirmando a sequência de revisões em alta que se têm vindo a verificar nas previsões de crescimento para a economia europeia, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico passou esta terça-feira a projectar uma variação do PIB superior a 5% na zona euro, uma melhoria de cenário que pode trazer efeitos positivos para Portugal.

No relatório interino de previsões para a economia mundial divulgado esta terça-feira, a OCDE não revela novas estimativas para Portugal, mas as alterações que faz relativamente ao total da zona euro e a algumas das principais economias da região são um indicador do crescente optimismo que se vive actualmente no que diz respeito ao ritmo a que se irá processar a retoma.

A OCDE passou a prever, para a zona euro, um crescimento durante este ano de 5,3%, quando no passado mês de Maio tinha avançado com uma projecção de apenas 4,3%. No que diz respeito ao próximo ano, a previsão de crescimento foi revista de 4,4% para 4,6%.

Dos quatro países da zona euro para os quais foram apresentadas novas previsões, apenas num, a Alemanha, não se registou uma melhoria. Para França, Itália e Espanha há agora mais optimismo e, no caso da economia espanhola, aquela que mais influência tem no desempenho de Portugal, a OCDE passou de uma previsão de crescimento de 5,9% para 6,8%.

Em Maio, quando apontou para um crescimento de 4,3% na zona euro, a OCDE estimou que a economia portuguesa cresceria apenas 3,7% em 2021 e 4,9% em 2022. Nesta fase, principalmente depois do crescimento surpreendentemente forte registado durante o segundo trimestre (4,9% em cadeia), tudo aponta para que o desempenho de Portugal em 2021 acabe por ser mais positivo do que aquele que era antecipado em Maio de OCDE. E o facto de a entidade sedeada em Paris ter agora revisto em alta as suas previsões para a zona euro reforça ainda mais esta ideia.

Para o total da economia mundial, a OCDE acabou por fazer apenas pequenos acertos nas suas estimativas, passando para previsões de crescimento de 5,7% em 2021 e de 4,5% em 2022, quando em Maio estas eram de 5,8% e 4,4%, respectivamente.

Como factores a ajudar o crescimento, a OCDE refere “uma forte retoma na Europa, a probabilidade de um apoio orçamental adicional nos EUA durante o próximo ano e a diminuição dos níveis de poupança”. No entanto, assinala também a existência de riscos, alertando em particular que “um progresso lento no processo de vacinação e a continuação do contágio de novas mutações do vírus resultariam numa retoma mais fraca e numa maior perda de empregos”.

A OCDE recomenda por isso que os governos “garantam que todos os recursos são usados para proceder à vacinação o mais rapidamente possível”, incluindo nos países de mais baixos rendimentos, que irão precisar de ajuda internacional para completar essa tarefa.

Esta é uma das razões para que, ao nível da política orçamental, a OCDE defenda que “uma retirada prematura e abrupta do apoio deve ser evitada enquanto o cenário de curto prazo for ainda incerto”.

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