Rio só se recandidata a líder do PSD se fizer melhor nas autárquicas do que em 2017

Presidente do PSD quer “encurtar fortemente” a distância para o PS na liderança de municípios - é hoje de 61 - e recusa os cenários das sondagens cuja maior parte, diz Rio, são “inventadas para criar dinâmicas de vitória ou de derrota”.

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LUSA/JOSÉ COELHO

Não fala em números exactos, mas há mínimos para fechar a noite eleitoral de 26 de Setembro: se nestas autárquicas o PSD tiver um resultado “igual ou pior ou muito pouquinho melhor” do que em 2017, Rui Rio não volta a candidatar-se à liderança do partido. A garantia foi dada pelo presidente social-democrata numa entrevista à Rádio Renascença publicada nesta segunda-feira de manhã.

O que é isso de “muito pouquinho melhor”? Rio diz que essa é a meta que tem na sua cabeça mas não quer quantificar exactamente o que significa. O PSD conquistou há quatro anos a presidência de 98 câmaras municipais - um dos seus piores resultados de sempre -, a uma distância de 61 do PS, que lidera 159 do total de 308 municípios.

“Na segunda-feira, quando se analisar com calma os resultados, é que vamos ver se tivemos um resultado satisfatório ou bom ou se foi fraco. A distância que temos para o PS é de 63 câmaras [são 61]. Perdemos bastante em 2013 e 2017. O grande objectivo é encurtar fortemente esta distância”, afirma Rui Rio. “Dada a importância que atribuo às eleições autárquicas de 2021 para a implantação do partido e para uma nova dinâmica no que concerne à oposição nacional, tenho de exigir a mim mesmo ser coerente. E ser coerente é dizer que se 2017 foi mau, se fizer igual, fiz mal.”

Recusando a ideia de que se tratará de uma demissão, Rio vinca que o que estará em causa é uma recandidatura ou não nas directas do partido que se realizam em Janeiro. E só não será coerente com a promessa de não se recandidatar se acontecer algo imprevisível – o país entrar em crise, haver uma pandemia pior do que a actual ou uma guerra.

Apesar das sondagens - cuja maior parte, diz Rio, são “inventadas para criar dinâmicas de vitória ou de derrota” – mostrarem tendências de que o PSD não ganhará Lisboa nem Porto, o líder do PSD acredita que no domingo “vai haver grandes surpresas”. “. Há câmaras onde pensava que o PSD está muito bem e vai ganhar quase de certeza e não ganha e vai haver câmaras onde pode dizer ‘o PSD ali não tem grandes hipóteses’ e pumba! e ganhou. Todos os anos foi assim porque é que este ano havia de ser diferente?”

Daí que ainda acredite ser possível o PSD ganhar Lisboa, elogia as competências políticas de Carlos Moedas e a disponibilidade para fazer o percurso inverso do habitual – ter sido comissário europeu e agora candidato autárquico. E sobre o pouco habitual, Rio explica que vai terminar a campanha eleitoral nos Açores precisamente por ser “mais original” – queria que fosse no Corvo por ser o “sítio mais longe e mais pequenino”, mas tem que se ficar por S. Miguel por não haver avião a tempo.

Apesar do acordo político nos Açores, Rio continua a querer manter a distância em relação ao Chega e diz que “não é desejável” o PSD dar pelouros aos eleitos daquele partido porque “em vez de se moderar está cada vez pior”, ao ponto de ser “impossível” neste momento haver conversas.

Conversa foi coisa que Rui Rio também não quis fazer sobre Paulo Rangel – nem sobre ter assumido a sua orientação sexual nem sobre um vídeo onde o eurodeputado aparecia embriagado – alegando não querer falar sobre a vida interna do PSD, uma vez que toda a exposição de Rangel está associada à corrida à liderança do partido.

Sobre o Orçamento do Estado para 2022, o presidente do PSD ainda tem algumas (poucas) dúvidas que PCP e Bloco estejam disponíveis para o deixar, mas acredita que há-de haver um momento em que o “negociador” António Costa vai dar qualquer coisa aos dois partidos “para conseguir o equilíbrio”. “Se o PCP e o BE quiserem, é uma questão de tempo e o Governo cede porque cede a tudo. O problema é se não querem, se o PCP acha que estrategicamente acabou.” Já o PSD não irá dar qualquer apoio ao executivo – até porque Costa já disse que não quer.

Recordando que andou “mais de dois anos a procurar entendimentos com os socialistas para reformas estruturais, Rui Rio criticou a posição conservadora do PS, que “não quer mudar nada” alegando sempre que “não é oportuno” – nem as leis eleitorais, nem a Constituição, nem a reforma da Justiça, nem sequer o Constitucional ou o Supremo Administrativo para Coimbra. O líder do PSD, que foi contra a regionalização no referendo de 1998, desejava ainda poder fazer uma discussão séria como PS sobre o tema em breve – até porque diz que mudou de opinião sobre ele.

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