Diabetes dificulta o tratamento de infecções dentárias

Estudo da Universidade de Coimbra analisou o impacto da alteração do processo de formação de novos vasos sanguíneos e consequente deficiência de irrigação sanguínea dos diabéticos

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Manuel Roberto

A diabetes dificulta a cicatrização das infecções ósseas dos maxilares de origem dentária, concluiu um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC). Essa dificuldade de cicatrização deve-se, de acordo com a equipa de especialistas do Instituto de Endodontia da FMUC que realizou a investigação, à “alteração do processo de formação de novos vasos sanguíneos e consequente deficiência de irrigação sanguínea”, afirma uma nota da Universidade de Coimbra (UC) divulgada esta sexta-feira.

Para chegar a esta conclusão, a equipa de investigadores, liderada por Manuel Marques Ferreira, avaliou o sucesso de desvitalizações dentárias realizadas em doentes diabéticos, entre 2015 e 2021, e comparou com os resultados obtidos em doentes não diabéticos. Foi também efectuado um estudo sobre a evolução das infecções dos ossos maxilares de origem dentária e os possíveis mecanismos envolvidos nesse processo, em ratos diabéticos e não diabéticos, acrescenta a UC.

Esta investigação teve como objectivo compreender a associação entre o resultado do tratamento endodôntico e a diabetes mellitus e as alterações do processo angiogénico [a formação de novos vasos sanguíneos]. A endodontia, referem os autores do trabalho, é um ramo da medicina dentária que se dedica a tratar doenças que “atingem a parte interna do dente, nervos e vasos sanguíneos, ou prevenir e tratar infecções ósseas dos maxilares com origem em traumatismos ou cárie dentária, através do procedimento clínico conhecido por desvitalização do dente”.

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A equipa de investigadores de Coimbra envolvidos neste projecto DR

Os resultados obtidos revelam “a influência que a cárie dentária não tratada e as infecções ósseas consequentes têm na saúde da população, em particular nos doentes que sofrem de patologias sistémicas como a diabetes, afirma, citado pela UC, José Pedro Martinho, docente da FMUC e membro da equipa, que inclui também Ana Coelho, Salomé Pires, Margarida Abrantes, Siri Paulo, Ana Catarina Carvalho, Eunice Carrilho, Miguel Marto, Maria Filomena Botelho e Paulo Matafome.

Este trabalho científico, designado “Impairment of the angiogenic process may contribute to lower success rate of endodontic treatments in diabetes mellitus” (A deficiência do processo angiogénico pode contribuir para uma menor taxa de sucesso dos tratamentos endodônticos na diabetes mellitus), foi distinguido recentemente com o prémio “First Overall Best Scientific Presentation”, atribuído no “12th IFEA World Endodontic Congress 202ONE” da Federação Internacional das Associações de Endodontia, que decorreu na Índia.

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