Costa entrou na campanha de Coimbra. Não levou o Constitucional, mas anunciou uma maternidade

Primeiro-ministro deixou de fora referências à transferência do Tribunal Constitucional para Coimbra. Manuel Machado também não tocou no assunto.

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António Costa esteve com Manuel Machado, em Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS

António Costa foi a Coimbra para dar um impulso à campanha do socialista Manuel Machado e antecipava-se uma reacção do primeiro-ministro ao assunto do dia: a possível deslocalização do Tribunal Constitucional para a cidade, uma proposta do PSD que vai ser discutida no Parlamento esta quinta-feira e votada na sexta-feira. No dia em que o PS anunciou que se absterá, Machado não tocou no assunto e deixou o primeiro-ministro sem necessidade de dar resposta. 

O primeiro-ministro, que esteve na noite desta quarta-feira no comício do PS, que teve lugar no Teatro Académico de Gil Vicente, bem no centro de Coimbra, não levou novidades sobre a transferência do tribunal, mas levou o anúncio de uma nova maternidade. 

As duas maternidades da cidade têm instalações envelhecidas e o processo sobre uma nova infra-estrutura é já longo, sem que tenha havido avanços. Manuel Machado, presidente da Câmara de Coimbra, que falou antes de António Costa, apontou a urgência de uma nova maternidade “que sirva o concelho e a região” e disse contar com o Governo para o conseguir.

Num dos pontos que, ao longo do discurso de 35 minutos, mais aplausos arrancou da plateia socialista, Costa, decalcando o repto do autarca, afirmou que Coimbra “precisa mesmo de uma nova maternidade que seja digna desta cidade e desta região”, dizendo que falta apenas afinar um detalhe. “Vamos ter a nova maternidade”, anunciou, referindo que o problema de como a financiar está já resolvido. “Há, neste momento, 700 metros de diferença para podermos tomar a decisão final e abrir concurso para a elaboração do projecto”, anunciou. Mas acrescentou: “Não é altura, estamos em campanha eleitoral. Concentra-te no que tens a fazer”, disse a Manuel Machado. 

As referências directas ao tema que marcou o dia político e a campanha para as autárquicas em Coimbra ficaram de fora. O primeiro-ministro não falou aos jornalistas, nem à entrada nem à saída.

A campanha do presidente socialista, que se recandidata a um último mandato, antecipou-se ao comício com Costa para marcar uma posição, enviando um comunicado, ao final da tarde, a reiterar o apoio à ida do Constitucional para Coimbra. Mas, ao lado do primeiro-ministro, já com a abstenção anunciada pelo PS, nem uma palavra. Com o comunicado, tinha seguido anexada uma notícia da Agência Lusa, de 28 de Setembro de 2020, em que Manuel Machado subscrevia “integralmente a proposta” do PSD, de transferir para Coimbra o Tribunal Constitucional e o Supremo Tribunal Administrativo. Rio anunciou a medida a 16 de Setembro de 2020. Citado no texto, Machado referiu que o acolhimento do tribunal “prestigia a cidade e irá prestigiar o órgão”. 

Dos juízes do Tribunal Constitucional, foi conhecido um parecer, com data de Janeiro deste ano, em que consideram que a sua saída de Lisboa seria “desprestigiante”

À noite, no discurso, Machado procurou lembrar a obra feita desde 2013, ano em que regressou à autarquia de Coimbra, depois de uma primeira passagem, entre 1989 e 2001. Foi do investimento na zona ribeirinha ao longo processo do Sistema de Mobilidade do Mondego, a puxar dos trunfos numa corrida autárquica que está tudo menos decidida, com as últimas sondagens a darem o candidato pelo PSD, José Manuel Silva, a curta distância de Manuel Machado. 

António Costa, que fez questão de enumerar as fatias do Plano de Recuperação e Resiliência que caberão à cidade, arrancou a intervenção no TAGV a lembrar que o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses é Manuel Machado e que o presidente da Associação Nacional de Freguesias é Jorge Veloso, autarca da junta da União de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, também em Coimbra, ambos socialistas. Estava explicada a importância de manter Coimbra para o PS.

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