Parlamento recorda que “vida de Sampaio fez a diferença”

Esquerda evoca as capacidades de convergência. Direita não esconde diferenças, mas destaca elegância de trato, respeito e admiração.

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A Assembleia da República prestou homenagem a Jorge Sampaio LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Com um voto de pesar por unanimidade, o Parlamento homenageou nesta quarta-feira Jorge Sampaio. Houve nuances nos discursos, mas um comum respeito. “A vida de Sampaio fez a diferença”, sintetizou a deputada Bebiana Cunha, do PAN.

“Respeito pelo outro, pela diversidade, pela pluralidade de ideias e convicções, na importância do diálogo, do consenso, da construção de pontes como forma de ultrapassar as muitas dificuldades com que o país ainda se depara”, foi este o retrato que o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, fez de Jorge Sampaio. 

“Era a antítese do populismo”, lembrou Ana Catarina Mendes. A líder parlamentar do PS disse que para Sampaio a solidariedade não era facultativa, mas um direito: “Foi um socialista que sempre se orientou pelas causas do futuro.”

Estas causas foram lembradas: da crise académica de 1962 que o levou à prisão de Caxias, à defesa em tribunal plenário, durante a ditadura, de presos políticos, com escalas no MES, PS, deputado e líder parlamentar socialista, Câmara de Lisboa, Presidência da República, Timor, defesa dos refugiados. Nas galerias, a viúva Maria José Ritta, o filho André e amigos como João Cravinho assistiram à homenagem. Na bancada do Governo estavam António Costa, Mariana Vieira da Silva, Pedro Siza Vieira, João Leão, Gomes Cravinho e Duarte Cordeiro.

Houve dois tons. À esquerda foi destacado “um exemplo a seguir”, nas palavras da deputada não inscrita Cristina Rodrigues, ou o desafio de “dar continuidade ao seu espírito de bondade”, no apelo de Joacine Katar Moreira. “Reconhecemos em Jorge Sampaio um papel relevante para as respostas políticas”, disse José Luís Ferreira de Os Verdes.

“Valorizamos as convergências que com ele foi possível construir”, evocou João Oliveira, líder da bancada do PCP. “Sabemos como foi possível dialogar à esquerda”, disse o bloquista Pedro Filipe Soares.

À direita houve outras referências. Fernando Negrão, do PSD, compôs a figura de Sampaio. “Um homem de esquerda fiel às suas convicções, de rectidão e elegância de trato, tivemos profundas divergências mas o que ficou é uma saudável diferença”, considerou.

“Estávamos em campos opostos, o que não impediu o respeito e a admiração”, admitiu Telmo Correia, do CDS/PP . “Discordei quase sempre das suas posições, mas na sua dimensão humana exibiu traços dignos”, comentou Cotrim de Figueiredo da Iniciativa Liberal.“Foi o rosto de todos nós, curvo-me perante a sua memória”, afirmou Diogo Pacheco de Amorim, na sua estreia como deputado do Chega.

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