Para o PCP o problema no Alentejo não está no Chega, mas nas políticas do PS

Jerónimo de Sousa está “profundamente convicto” que a CDU irá recuperar muitas das maiorias que perdeu nas últimas eleições autárquicas, sobretudo no Alentejo.

Foto
O secretário-geral comunista esteve em Beja LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Questionado na tarde desta terça-feira, em Beja, sobre o eventual crescimento do partido Chega no Alentejo à custa do voto comunista, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse aos jornalistas que “o problema não está no Chega, mas no Governo e nas suas políticas”.

O dirigente comunista referiu que na deslocação que fez esta manhã a Moura, onde o líder do Chega, André Ventura, se candidata à liderança da assembleia municipal, para apresentar os candidatos da CDU, os comunistas não viram “populismos exacerbados”.

A eventual passagem de eleitorado da CDU para o partido de André Ventura não preocupa Jerónimo de Sousa. “Olhemos para o PS”, disse o líder comunista que aí vislumbra “o problema central” que neste momento o país enfrenta: o “anúncio sistemático de milhões e milhões de euros leva-nos a pensar que no fim as coisas não vão acabar bem”.

Não se sabe para onde e quando vão os 9 mil milhões de euros que António Costa diz serem destinados às empresas. “Quais empresas? As grandes empresas? As multinacionais ou as novas tecnologias?” Jerónimo de Sousa acredita que “as coisas não vão acabar bem”.

Referindo-se aos sucessivos comentários que falam do declínio do PCP nas próximas eleições autárquicas, o dirigente comunista reage destacando o elevado número de jovens que integram as listas da CDU. “Acalentamos a esperança de recuperar o que perdemos” nas últimas autárquicas, lembrando o seu próprio percurso político preenchido por derrotas e vitórias. “Temos a profunda convicção de que iremos recuperar” nos concelhos onde a coligação registou perdas eleitorais significativas.

Em Beja, Jerónimo de Sousa deslocou-se à estação ferroviária da cidade para falar da importância estratégica da linha do Alentejo. Explicou que a capital do Baixo Alentejo não tem, desde 2011, ligação ferroviária directa a Lisboa, lacuna que é acrescida por sucessivos atrasos no cumprimento de horários e longas esperas que por vezes acabam no transbordo para autocarros, para além das sucessivas avarias no material ferroviário.

A electrificação da linha do Alentejo “é uma prioridade de interesse nacional” e uma “prioridade imediata passa por assegurar a ligação rápida de Beja a Lisboa, Faro, Sines e Badajoz”. No entanto, o que o Governo propõe “é tão só um ramal ferroviário electrificado para daqui a oito anos”.

Jerónimo de Sousa reivindica ainda a aplicação de “investimento na produção de comboios em Portugal e na constituição de uma única empresa nacional para o serviço ferroviário.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários