Cancro: Inovação e os desafios do acesso em debate

Marque na agenda o próximo dia 16 de Setembro. A partir das 17h30, em directo no site do Público, assista à quarta conferência virtual integrada na iniciativa “Uma agenda para combater o cancro: Por todos nós, para todos nós”, organizada pelo Público em parceria com a MSD Portugal. A inovação e os desafios do acesso a medicamentos inovadores são os temas em destaque nesta 4ª conferência.

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D.R.

Qual o valor da inovação? Como se pode acautelar o uso racional e eficiente dos recursos finitos? Qual o peso da doença oncológica e o impacto na economia? Como se posiciona Portugal no tratamento do cancro no que respeita ao acesso a terapêuticas mais inovadoras? E de que forma pode o País beneficiar da rede europeia e acelerar o ritmo da inovação? 

Estas e outras questões serão respondidas na conferência “Inovação e os desafios do acesso”, integrada na iniciativa “Uma agenda para combater o cancro: Por todos nós, para todos nós”, organizada pelo Público e pela MSD Portugal, que se realiza no próximo dia 16 de Setembro, às 17h30, em directo em publico.pt.

O painel de especialistas convidados será composto por Céu Mateus, professora de Economia da Saúde na Divisão de Pesquisa em Saúde na Lancaster University, no Reino Unido; José Dinis, director do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direcção-Geral da Saúde e Heitor Costa, director executivo da Apifarma, que irão trazer diferentes perspectivas à discussão. O objectivo é procurar soluções que promovam o acesso a medicamentos e cuidados de saúde de forma equitativa, a investigação e o desenvolvimento de inovação, e a competitividade de Portugal no quadro europeu.

Segundo o estudo “O Valor do Medicamento em Portugal”, com dados relativos a 2018, elaborado pela Apifarma e a consultora McKinsey, “os medicamentos inovadores acrescentam valor significativo a Portugal e trazem benefícios superiores à despesa total em fármacos”. Os dados, analisados pela primeira vez no que respeita ao panorama nacional, apresentam uma perspectiva que integra três dimensões: valor humano, social e económico. “Os medicamentos mudaram o panorama português melhorando as vidas dos doentes, gerando rendimento e poupança para a sociedade e estimulando a economia”.

O estudo conclui que: “desde 1990, em Portugal, os medicamentos inovadores foram responsáveis pelo acréscimo de dois milhões de anos de vida saudável, dos quais, 180 mil, apenas no ano de 2016. Foi possível evitar mais de 110 mil mortes e a esperança média de vida foi prolongada até 10 anos. No que respeita ao valor dos anos de vida saudável ganhos nas oito doenças consideradas no estudo, entre as quais, cancro colo-rectal, cancro do pulmão de células não pequenas, representa entre cinco e sete milhões de euros por ano, acima do gasto total em medicamentos, situado nos 3,8 milhões de euros.

No plano social, os medicamentos inovadores permitiram gerar cerca de “280 milhões de euros / ano em rendimento adicional para as famílias – nas oito doenças estudadas – o que representa cerca de 1000 euros por mês por família afectada”. Ficou ainda comprovado neste estudo que os medicamentos inovadores permitiram reduzir hospitalizações e outros custos directos com saúde em cerca de 560 milhões de euros / ano.

Um dos principais problemas apontados a este tipo de medicamentos inovadores é a aprovação, que se debate com atrasos sucessivos, assim como a excessiva burocratização na concretização dos ensaios clínicos aprovados, o que tem impacto na competitividade do país para atrair investimentos de valor.

Portugal é um dos países europeus em que o processo de introdução de um medicamento no mercado é mais moroso segundo o relatório “Every Day Counts - Improving time to patient access to  innovative oncology therapies in Europe”, publicado em 2020 e conduzido pela Federação Europeia de Indústrias e Associações Farmacêuticas (tradução de EFPIA). O tempo entre a autorização de introdução no mercado e o acesso do doente ao tratamento pode variar entre dois meses e mais de 2,5 anos. “O tempo de acesso do doente a tratamentos oncológicos inovadores na Europa varia entre os 86 e quase 1000 dias. Em Portugal, a média, são 723 dias”, conclui o relatório.

Não pode haver valor em inovação se os pacientes aos quais a mesma se destina não tiverem o devido acesso e é preciso acelerar o tempo de disponibilização ao paciente para “vencer” o cancro na Europa, conclui a EFPIA.

Estes e outros temas estarão em debate no próximo dia 16, em directo no site do Público, sem necessidade de inscrição e de forma gratuita.