Noruega vai a votos com o futuro da indústria petrolífera em jogo

De acordo com as sondagens, os maiores partidos deverão perder votos, prevendo-se que das eleições saia um governo de coligação de centro- esquerda liderado pelos trabalhistas.

Foto
A conservadora Erna Solberg, o trabalhista Jonas Gahr Store e Trygve Slagsvold Vedum, do Partido do Centro, no último debate antes das eleições GWLADYS FOUCHE/Reuters

Após uma campanha marcada pelo impacto das alterações climáticas, os noruegueses votam esta segunda-feira para as eleições legislativas, em que estará em jogo o futuro da poderosa indústria petrolífera do país nórdico.

A recente divulgação de um relatório das Nações Unidas que pede medidas mais drásticas para conter as emissões de gases poluentes abalou o cenário político da Noruega mas, para já, os principais partidos parecem relutantes em virar a página dos combustíveis fósseis, que valem 40% das exportações do país e cuja indústria emprega mais de 200 mil pessoas, 7% da força laboral norueguesa.

Os conservadores chegam às urnas em plena baixa de popularidade e as sondagens prevêem uma queda eleitoral do partido liderado por Erna Solberg, primeira-ministra desde 2013. Com menos deputados, o Partido Conservador corre o risco de perder o poder para o Partido Trabalhista de Jonas Gahr Store que, de acordo com as sondagens, deverá também perder lugares no Parlamento norueguês mas que dispõe de mais opções para forjar uma futura aliança governativa.

Os potenciais parceiros dos trabalhistas incluem o Partido do Centro e o Partido da Esquerda Socialista, embora este último, a exemplo dos Verdes, exija como pré-requisito para as negociações a suspensão das concessões de novas licenças de exploração petrolíferas.

Store, que é a favor de uma política “justa” em questões ambientais e que já reconheceu que a Noruega pode estar à beira de uma nova era, descartou, no entanto, a possibilidade de impor demasiadas restrições a uma indústria que vale 40 mil milhões de dólares (33 mil milhões de euros).

Existe também a possibilidade de Solberg protagonizar uma nova surpresa, como aconteceu nas eleições de 2017, embora desta vez pareça menos provável. Nenhum outro governante está no poder há tanto tempo no país nórdico e a actual primeira-ministra, de 60 anos, apelou precisamente para a sua antiguidade política como garantia de estabilidade.

A balança acabará por pender a favor de um ou de outro bloco através dos resultados que venham a ser alcançados pelos pequenos partidos que, previsivelmente, ganharão presença parlamentar em detrimento dos grandes partidos.

O sistema eleitoral norueguês deixa em aberto a possibilidade de ganhos de última hora, já que dos 169 assentos que compõem o Storting, o Parlamento norueguês, 150 são distribuídos de acordo com os resultados dos diferentes círculos eleitorais e 19 permanecem em aberto para compensar os partidos que alcancem mais de 4% do votos a nível nacional mas que não obtenham representação parlamentar equivalente.

 
Sugerir correcção
Comentar