Laschet não ganhou o debate como precisava para inverter vantagem social-democrata

Maioria de espectadores inquiridos no debate disseram que o candidato social-democrata, Olaf Scholz, foi quem esteve melhor, quando faltam duas semanas para as eleições legislativas na Alemanha.

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Olalf Scholz, Annalena Baerbock e Armin Laschet antes do debate MICHAEL KAPPELER/Reuters

Potenciais coligações, potenciais escândalos e questões internas dominaram o segundo debate entre os três candidatos à chancelaria. O debate, duas semanas antes das eleições, terminou com poucas probabilidades de mudar a dinâmica da campanha, para já favorável ao social-democrata Olaf Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças, e desfavorável ao candidato democrata-cristão, Armin Laschet, e à candidata dos Verdes, Annalena Baerbock.

Numa sondagem feita aos espectadores, 41% consideraram Scholz o melhor, 27% escolheram Laschet e 25% penderam para Baerbock.

Como comentou Andrea Römmele, da Hertie School of Governance de Berlim: “Baerbock falou do futuro, Laschet atacou Scholz, este respondeu como sempre com números e calma”, ou seja, o debate “não foi um game-changer”. O jornalista do Frankfurter Allgemeine Zeitung Sebastian Scheffel considerou Laschet melhor do que no debate anterior, mas não tão bom que pudesse levar a uma inversão.

Laschet voltou a atacar Scholz por este não excluir uma hipótese de coligação com o partido Die Linke (A Esquerda), que a esmagadora maioria dos analistas acha que se deve sobretudo a táctica, já que Scholz, que é um centrista, não quer ficar, se o seu partido for o mais votado, refém do Partido Liberal Democrata (FDP) em conversações para uma coligação.

Estas eleições poderão terminar com uma coligação que junte, pela primeira vez na Alemanha, três dos quatro partidos que já participaram em governos nacionais – as hipóteses para Scholz seriam uma coligação “semáforo”, assim chamada pelas cores dos partidos, vermelho-verde-amarelo (SPD-Verdes-FDP) ou uma coligação à esquerda com Verdes e a esquerda radical.

O tópico foi lançado com a pergunta a Laschet sobre se aceitaria participar numa “grande coligação”, como a actual, mas liderada pelo SPD e não, como hoje, pela CDU, uma hipótese que começa a ser colocada mais como provocação, já que a CDU vinha a ser a favorita até há poucas semanas, é o partido que mais anos esteve no governo na Alemanha, e todas as coligações de “bloco central” que houve foram lideradas pela CDU (e de quatro, três foram chefiadas por Angela Merkel).

Laschet aproveitou ainda uma investigação ao Ministério das Finanças, quando as autoridades procuram ver se a agência responsável pela investigação de branqueamento de capitais teria recebeu indicações para ignorar avisos feitos por bancos sobre potencial lavagem de dinheiro. A investigação foi um dos pontos de ataque de Laschet contra Scholz, e foi um momento do debate em que Scholz saiu do seu modo fleumático e se mostrou indignado com o ataque.

Nas declarações finais, Laschet apresentou-se como o candidato da confiança, Baerbock da mudança – sublinhando que o governo que vai ser eleito será “o último que pode ter influência activa” nas alterações climática - e Scholz como o do respeito.

Uma nova sondagem manteve a vantagem dos sociais-democratas sobre os democratas-cristãos: uma consulta de opinião realizada pelo instituto Insa para o jornal de grande circulação Bild dava 26% das intenções de voto ao SPD, um ponto percentual acima da sondagem da semana anterior, enquanto a CDU/CSU se mantinha nos 20% e os Verdes perdiam um ponto percentual, com 15%.

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