FBI torna público primeiro documento do 11 de Setembro após ordem de Biden

Decisão foi tomada no seguimento de uma exigência dos familiares das vítimas dos ataques de 11 de Setembro de 2001, que lutam nos tribunais pela condenação das autoridades da Arábia Saudita.

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Biden assinou um decreto presidencial para que o FBI divulgasse os documentos Reuters/JONATHAN ERNST

A polícia federal norte-americana, o FBI, divulgou o primeiro documento relacionado com a sua investigação aos ataques do 11 de Setembro de 2001 e às alegações do envolvimento do Governo saudita, na sequência de um decreto presidencial assinado pelo Presidente Joe Biden.

Os familiares das vítimas tinham pedido a Biden que não participasse nas cerimónias do 20.º aniversário dos ataques, no sábado, se não estivesse disposto a tornar públicos documentos confidenciais que, segundo eles, provam que as autoridades sauditas apoiaram a conspiração.

O documento de 16 páginas, com algumas partes censuradas, indica que houve contactos entre os homens que desviaram os aviões usados nos ataques e apoiantes na Arábia Saudita, mas não revela provas de que o Governo de Riade foi cúmplice.

A Arábia Saudita sempre desmentiu qualquer papel nos ataques, apesar de 15 dos 19 homens envolvidos directamente nos atentados serem originários do país.

Numa declaração feita a 8 de Setembro, a embaixada da Arábia Saudita em Washington afirmou que o país sempre defendeu a transparência em torno do 11 de Setembro de 2001, e saúda a divulgação pelos Estados Unidos de documentos classificados relacionados com os ataques.

“Como revelaram investigações anteriores, incluindo a da comissão do 11 de Setembro e a divulgação das chamadas ‘28 Páginas’, nunca surgiram quaisquer provas que indicassem que o Governo saudita ou os seus funcionários tivessem conhecimento prévio do ataque terrorista ou estivessem de alguma forma envolvidos”, disse a embaixada.

Uma comissão independente nomeada pelo Congresso dos EUA não encontrou provas de que a Arábia Saudita tivesse financiado directamente a Al-Qaeda — o grupo ao qual os taliban deram abrigo no Afeganistão antes dos antentados. Mas deixou em aberto a possibilidade de funcionários sauditas o terem feito a título individual.

As famílias de cerca de 2500 dos quase 3000 mortos e mais de 20 mil feridos no 11 de Setembro, e várias empresas e seguradoras que processaram a Arábia Saudita, consideram que há provas da ligação.

Numa declaração feita em nome da organização 9/11 Families United, Terry Strada — cujo marido, Tom, foi morto no 11 de Setembro —, disse que o documento revelado pelo FBI anula quaisquer dúvidas sobre a cumplicidade saudita nos ataques.

“Agora, os segredos dos sauditas estão expostos e já é tempo de o país assumir o papel dos seus funcionários no assassínio de milhares de pessoas em solo americano”, disse Strada.

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