Bonga em concerto e numa “conversa entre kotas” no projecto Língua Terra

A música e a cultura angolanas são tema de uma conversa em Setúbal, este sábado, seguida de um concerto de Bonga – que antes dialogará com Galiano Neto e Batida.

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Bonga fotografado para o PÚBLICO DANIEL ROCHA

É um concerto e é também uma conversa. O local escolhido foi o Fórum Luísa Todi, em Setúbal, e é mais uma iniciativa do Língua Terra, projecto que une Portugal, África e Brasil e que planeia para 2022 um festival que unirá música, literatura, cinema, artes visuais e performances. Depois de lançar em Maio uma canção e um videoclipe, Cumplicidades, o Língua Terra reúne três nomes para uma conversa, a transmitir em directo no Facebook, seguida de um concerto de Bonga.

A conversa, que começa às 17h, reúne três nomes da música e da cultura angolanas e, segundo os promotores, far-se-á “a partir da escuta das narrativas por detrás do som e dos ritmos”. Assim, os veteranos Bonga Kwenda e Galiano Neto conversarão com Batida (Pedro Coquenão) que, tendo nascido no Huambo, Angola, cresceu nos subúrbios de Lisboa e tem dividido a sua vida entre a produção musical, a rádio e o vídeo, “criando e desenvolvendo trabalho na área da música, rádio, dança, artes visuais e plásticas”. Este ano formou, com Luaty Beirão, o projecto IKOQWE. “A contribuição de Batida”, dizem os organizadores, “será essencial para trazer também uma visão da nova geração da música de Angola”, em diálogo “com os mestres Bonga e Galiano”.

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Galiano Neto, Bonga e Batida: o trio da "conversa entre kotas"

O concerto de Bonga está marcado para as 21h, e, ao contrário da “conversa entre kotas” (assim baptizada, e que decorrerá entre as 17h e as 18h30), não será transmitido e tem entradas pagas, ao preço único de 15 euros. Bonga, nascido José Adelino Barceló de Carvalho, em 5 de Setembro de 1942 (completou este mês 79 anos), é uma referência da música angolana e um dos seus nomes maiores. Gravou um lote considerável de álbuns, a começar nos históricos Angola 72 e Angola 74, sendo o seu mais recente trabalho de estúdio o disco Recados de Fora (2016).

Por altura do seu lançamento, e do espectáculo onde o apresentou, Bonga disse ao PÚBLICO, a propósito de uma das canções aí gravadas, Tonokenu: “Com mais de 50 anos de vivência fora de Angola, eu retrato esta tradição com os instrumentos típicos tradicionais. Este é um recado fabuloso. E diz às pessoas: brinquem. Perde-se às vezes muito tempo com coisas aparentemente sérias quando o que devemos fazer é brincar uns com os outros, que foi o que nos ensinaram os nossos ancestrais.”

E quando lhe perguntaram como estava Angola do ponto de vista musical, respondeu que estava “muito boa de saúde”: “Os miúdos são muito criativos, muito cheios de inovações, as danças que eles conseguem fazer! Eles solicitam-me e eu estou aí, disposto e disponível, para os ajudar.”

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