Na perda de um grande Amigo

Mesmo até ao fim, opina sobre questões internacionais e nacionais de forma ponderada e consequente. Perdemos um grande democrata e um enorme cidadão.

Referência, exemplo, amizade, eis três palavras que exprimem a minha ligação de décadas a Jorge Sampaio.

Anos 60 — Na crise de 62 emerge como dirigente estudantil de grande prestígio e capacidade mobilizadora. Um ativo militante de oposição à ditadura. E sportinguista. Em 69, deu à CDE, com os seus amigos, a modernidade que por lá faltava. Foi por aí o nosso primeiro encontro.

Anos 70 Sempre a par dos grandes movimentos estudantis do princípio da década, encarava o lançamento do MES com entusiasmo, antes e depois do 25 de Abril. Saiu devido às conclusões do primeiro congresso com um discurso que pôs a chorar quase todos. Entrou no PS, abrindo a via a muitos que se seguiram por anos e décadas próximas.

Anos 80 No pós Mário Soares avançou para secretário-geral do PS depois da demissão de Vítor Constâncio. Corajosamente, desafia toda a Esquerda e vence as eleições para a CML. Não correu bem a dupla responsabilidade. Sofre derrota frente a Cavaco Silva em 91 e António Guterres ganha-lhe o congresso subsequente. Mas na CML deixa marcas de grande capacidade e transparência.

Anos 90 Mais uma vez atira-se para a frente e apresenta-se como candidato a Presidente da República. E ganha de forma expressiva a Cavaco Silva. Desforra merecida.

Anos 2000  Como Presidente, tivemos uma grande divergência por não ter convocado eleições no seguimento da ida de Durão Barroso para Presidente da Comissão Europeia. Uns meses depois, a amizade foi restabelecida ainda com o Presidente e sobretudo com a pessoa.

Anos 10 O seu envolvimento em grandes causas internacionais é digno de todos os elogios. Viaja, convence, persuade.

Anos 20  Mesmo até ao fim, opina sobre questões internacionais e nacionais de forma ponderada e consequente. Perdemos um grande democrata e um enorme cidadão.

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