A corrupção existe e os alunos devem falar sobre ela, defende associação All4Integrity

O programa RedEscolas AntiCorrupção quer ajudar os professores a explorar o tema nas escolas. Estas podem inscrever-se na iniciativa até ao fim de Outubro.

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Rui Gaudencio

Tudo começou quando André Corrêa D'Almeida, professor na Universidade de Colômbia em Nova Iorque, decidiu pegar numa guitarra e ir para Central Park e Wall Street cantar sobre um Portugal sem corrupção. “Libertem o meu país da corrupção” era o seu lema. A iniciativa ganhou popularidade nas redes sociais e chegou aos ouvidos de Ângela Malheiro, professora de História no Colégio Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, que decidiu fazer algumas actividades relacionadas com a corrupção com os seus alunos. 

“Fui produzindo material, divulgando nas redes sociais e outros professores também começaram a aderir”, conta a docente ao PÚBLICO. Dado o interesse crescente, tanto do lado dos professores, como dos alunos, foi criada a iniciativa RedEscolas AntiCorrupção, um programa, organizado pela associação All4Integrity, que pretende levar às escolas o debate crítico e didáctico sobre a corrupção e o seu impacto no panorama nacional

A iniciativa, desenhada por professores e destinada a estudantes entre o 9.º e o 12.º ano, tem previsto um conjunto de subtemas a explorar pelos três períodos do ano escolar — “Nós e a Corrupção”, “Nós, a Corrupção e o Poder”, “Nós e a Anticorrupção” —, que podem ser explorados através de discussões em sala de aula, apresentações ou outro tipo de actividades à escolha das escolas. “Quisemos programar um conjunto de actividades não fechadas e dar algumas pistas, porque cada escola é uma realidade própria”, explica a professora que criou o canal Bumba na História no YouTube

O programa decorre também da aprovação da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, por parte do Governo, que define a prevenção como um das principais armas. “É esta formação cívica que queremos desenvolver. O objectivo não é só levar o tema à escola e aquilo morrer ali. Queremos que os jovens cresçam de uma forma crítica, atenta e activa para termos um país melhor”, acrescenta Ângela Malheiro. 

Garantindo que o projecto não tem qualquer ligação ou inclinação partidária, a professora defende que é preciso repensar o sistema de ensino, de maneira a cultivar nos alunos, desdecedo, noções de ética, moral e de responsabilidade democrática. “Notamos muitas vezes falta de literacia histórica e política dos jovens e, claro que a História não se repete, mas num tempo em que crescem os fundamentalismos e os extremismos, é importante que haja nas escolas esse sentido de educação para um cidadão.”

As escolas interessadas em participar no programa RedEscolas AntiCorrupção devem inscrever-se no site da associação até 29 de Outubro.


Texto editado por Bárbara Wong 

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