BCP confirma despedimento colectivo de 62 trabalhadores e seis sindicatos anunciam greve

Reunião dos seis sindicatos com a comissão executiva do BCP terminou sem resultados positivos. Banco vai despedir 62 trabalhadores que não aceitaram sair por acordo.

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Miguel Maya, presidente da comissão executiva do BCP LUSA/RODRIGO ANTUNES

É oficial. O BCP anunciou internamente que vai avançar para o despedimento colectivo de 62 trabalhadores. A comunicação surge pouco depois de seis, dos sete sindicatos do sector bancário, terem anunciado que vão avançar para uma greve conjunta no BCP, “face à posição intransigente assumida pelo banco”.

O número de trabalhadores a incluir no despedimento colectivo, anunciado pelo banco, fica abaixo do que antecipavam os sindicatos, que ascendia a cerca de 80.

Em comunicado, divulgado após uma reunião com a comissão executiva da instituição, liderada por Miguel Maya, o SNQTB, o Mais Sindicato, o SBN, o SIB, o SBC e o SinTA, adiantam que “não resta outra alternativa que não seja a greve”.

“Confrontados com um processo de uma dimensão nunca vista em Portugal, apesar de todos os esforços e de tudo ter sido tentado para evitar este desfecho, os seis sindicatos decidiram avançar para uma greve conjunta no BCP em data a anunciar na próxima semana”, referem.

As estruturas sindicais, que contam ainda com a solidariedade do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (CGD), uma união sem precedentes na história sindical do sector, já antecipavam o desfecho da reunião desta sexta-feira, uma vez que o pré-aviso da greve, que pretendem que seja realizada ainda este mês, já tinha sido entregue.

Segundo o PÚBLICO apurou, a posição da comissão executiva do BCP na reunião com as estruturas sindicais foi a mesma que teve na reunião com a comissão de trabalhadores do banco, realizada na manhã desta sexta-feira. Ou seja, levar o plano de redução do número de trabalhadores até ao número fixado.

O BCP tem em curso um plano de redução de entre 800 e mil trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo e reforma, propostas que não foram aceites por menos de uma centena de trabalhados, que o banco pretende despedir, uma prática pouco habitual no sector.

Os bancos a operar em Portugal tinham no final do ano passado menos 2066 trabalhadores e 655 balcões do que em 2019, atingindo no ano passado o número de agências mais baixo desde 1996 e o menor número de funcionários pelo menos desde 1992, revelam dados do Banco de Portugal.

Próxima reunião é no Santander

Para além do BCP, o Santander tem em curso um plano de redução do número de trabalhadores, e também a possibilidade de avançar para um despedimento colectivo. Para tentarem travar o processo, os seis sindicatos vão reunir-se com a administração do Santander na próxima quarta-feira.

Em cima da mesa, os seis sindicatos também têm a possibilidade de avançar para uma greve conjunta, se o banco persistir em despedir, segundo as últimas informações, pouco mais de 200 trabalhadores. O pré-aviso de greve para esta instituição já avançou.

O processo de redução em curso naquele banco ascende a 685 trabalhadores, dos quais mais de 550 já aceitaram as rescisões por mútuo acordo ou reforma.

Os bancos, que tem apresentado lucros, têm justificado a necessidade de redução da estrutura com a maior digitalização da actividade bancária, mas também por outros condicionalismos, como os custos decorrentes das taxas de juro negativas numa parte dos créditos em stock.

Notícia alterada às 20h35 com a informação oficial de que serão integrados num despedimento colectivo 62 trabalhadores e não cerca de 80 como anteciparam os sindicatos

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