Fernandez e Raducanu fazem história no US Open

A mais jovem final do US Open desde 1999 realiza-se este sábado. Nunca ninguém tinha chegado a este patamar a partir do qualifying.

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Emma Raducanu Reuters/Danielle Parhizkaran

A ausência das três actuais melhores tenistas dos EUA deixava antever um US Open feminino sem grande interesse para os adeptos locais, mas as teenagers Leylah Fernandez e Emma Raducanu trataram de mudar as opiniões. Na noite de quinta-feira, inteiramente dedicada às meias-finais femininas, o público do Arthur Ashe Stadium rendeu-se à qualidade do ténis de ambas, subestimado devido ao seu baixo ranking, e após convencerem os derradeiros cépticos, vão protagonizar a mais jovem final do US Open desde 1999. Raducanu vai mesmo ter um capítulo da história do ténis só para si: é a primeira tenista, homem ou mulher, a chegar à final de um torneio do Grand Slam vinda do qualifying. E ainda não perdeu um set.

Emma Raducanu, de 18 anos, chegou a Nova Iorque para disputar o qualifying, que se iniciou a 24 de Agosto, mas com o “cognome” de mais jovem britânica a atingir os oitavos-de-final em Wimbledon. Sempre calma foi afastando cada adversária que se lhe deparava, sendo a última a grega Maria Sakkari (18.ª), por 6-1, 6-4.

“Sempre tive o sonho de disputar Grand Slams, mas não sabia quando é que isso ia acontecer. Surgir assim tão cedo, neste momento da minha carreira – estou no Tour há dois meses, desde Wimbledon – é uma loucura”, confessou a mais jovem finalista num major desde 2004 e a mais jovem finalista britânica em Grand Slams desde 1977.

Sakkari, de 26 anos, e semifinalista em Junho em Roland Garros, entrou nervosa, não aproveitou nenhum dos sete break-points de que dispôs nos dois primeiros jogos em que respondeu e cometeu duas duplas-faltas para ceder o serviço no segundo jogo.

Raducanu voltou a assinar uma exibição muito consistente, com poucos erros e um serviço altamente eficaz. E, depois de fazer novo break no terceiro jogo do segundo set, a britânica ficou em total controlo e cedeu somente três pontos no seu serviço até concluir.

“Sabia que tinha de jogar o meu melhor ténis se quisesse ter uma hipótese; sabia que tinha de ser super-agressiva”, resumiu Raducanu que chega ao último dia de prova com somente 27 jogos cedidos em 12 sets realizados no quadro principal.

O “incentivo” da professora de Fernandez

Na final mais jovem do US Open desde que Serena Williams, de 17 anos, venceu Martina Hingis, um ano mais velha, em 1999, Raducanu vai defrontar Leylah Fernandez (73.ª). A pequena canadiana de 19 anos e 1,68m de altura vai poder contar com mais apoio dos seus compatriotas, devido à proximidade do Canadá, tal como aconteceu na meia-final, em que derrotou a possante Aryna Sabalenka (2.ª), por 7-6 (7/3), 4-6 e 6-4.

Fernandez demonstrou uma tranquilidade de veterana nos momentos cruciais do encontro, no qual Sabalenka entrou em força, chegando a 3-0, ao ganhar 12 dos 14 pontos disputados. Só que a bielorrussa de 23 anos não conseguiu manter esse nível elevado e com duas duplas-faltas, consentiu que a esquerdina canadiana igualasse. No tie-break, foi Sabalenka novamente a jogadora mais nervosa e com quatro erros directos, cedeu o set. A semifinalista do último torneio de Wimbledon reagiu bem, mas, no terceiro set foi sempre a tenista mais tensa e quando serviu a 4-5, não ganhou nenhum dos quatro pontos; Sabalenka cometeu duas duplas-faltas e mais dois erros após as respostas de Fernandez.

“O meu pai sempre me disse que não há limite para o meu potencial. Todos os dias temos de trabalhar muito e continuar a progredir. Nada é impossível”, contou Fernandez, antes de recordar: “Muitas pessoas duvidaram de mim, diziam que eu não ia conseguir ser tenista profissional. Lembro-me de uma professora que me disse para parar de jogar ténis e focar-me na escola. Estou contente por ela ter dito isso, porque todos os dias tenho essa frase na minha cabeça que me empurra para a frente, para provar que vou conseguir alcançar tudo o que sonhei.”

Fernandez chega à final após eliminar três jogadoras do top 5 (Aryna Sabalenka, Naomi Osaka e Elina Svitolina), uma ex-número um mundial (Angelique Kerber) e duas antigas quarto-finalistas do US Open. No sábado (21 horas em Portugal), pode suceder à compatriota Bianca Andreescu campeã no US Open em 2019, igualmente com 19 anos.

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