Ministério das Finanças alemão alvo de buscas em inquérito sobre branqueamento de capitais

As buscas acontecem num momento fundamental para Olaf Scholz, ministro das Finanças e candidato a chanceler pelo SPD, que lidera as sondagens para as eleições de 26 de Setembro.

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A investigação centra-se numa agência do Ministério das Finanças, liderado pelo social-democrata Olaf Scholz MICHELE TANTUSSI/Reuters

Os procuradores alemães realizaram esta quinta-feira buscas nos ministérios das Finanças e da Justiça no âmbito de uma investigação à agência do Governo de combate ao branqueamento de capitais, numa operação que põe em causa a capacidade da Alemanha em combater crimes financeiros.

A investigação à unidade de inteligência financeira (FIU), uma agência do Ministério das Finanças, liderado pelo social-democrata candidato à chancelaria alemã, Olaf Scholz, destina-se a averiguar se a unidade recebeu informações para ignorar os avisos de bancos sobre pagamentos suspeitos para África.

As buscas acontecem num momento fundamental para Scholz, que as sondagens sugerem ter uma boa oportunidade de se tornar o chanceler alemão nas eleições nacionais de 26 de Setembro.

A FIU, juntamente com o regulador financeiro alemão, BaFin, ambos do Ministério das Finanças, já foram criticados por falhar na detecção de problemas da empresa de pagamentos financeiros Wirecard, que colapsou e resultou no maior escândalo de fraudes do país depois da II Guerra Mundial.

A oposição não tardou em criticar Scholz. “Este é um risco de segurança para a Alemanha”, disse o deputado Fabio De Masi, do Die Linke. “Precisamos de uma polícia financeira com experiência criminal. A Alemanha é um paraíso para os criminosos”.

O Ministério das Finanças disse ter reforçado o pessoal da agência de 165 para mais de 460 funcionários, além de lhe dar mais responsabilidades e recursos técnicos. O ministério afirmou numa declaração que apoiava a investigação e salientou que as suspeitas não eram direccionadas aos seus funcionários.

As buscas são feitas num momento crítico para o país, uma vez que os esforços contra o branqueamento de capitais estão a ser revistos pela Financial Action Task Force (FATF), um organismo global que engloba países desde os EUA à China, para combater os crimes financeiros.

Transacções suspeitas

A FIU tem-se debatido para acompanhar as dezenas de milhares de avisos que recebe sobre transferências de dinheiro suspeitas, segundo uma fonte familiarizada com o trabalho da agência. Por exemplo, apenas deixou de usar faxes para receber os relatórios de bancos nos últimos anos, disse um responsável à Reuters.

Um porta-voz do Ministério Público disse que lançaram o inquérito depois de receber queixas em como a FIU não tinha agido em relação às transacções de milhões de euros suspeitas, incluindo para África, entre 2018 e 2020.

Os procuradores afirmaram que a agência recebeu alertas dos bancos de que o dinheiro estaria ligado ao tráfico de armas e droga e ao financiamento de terrorismo, e acrescentaram que a FIU registou os avisos, mas não avançou a informação para as autoridades.

Disseram também que estava a ser analisado o facto de, desde que a FIU ter assumido o controlo do combate ao branqueamento de capitais em 2017, os relatos de actividade suspeita terem reduzido drasticamente. Acrescentaram que investigações anteriores à agência revelaram que houve extensivas trocas de informação entre os ministérios sob investigação.

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