João Noronha Lopes não será candidato nas próximas eleições do Benfica

Empresário deixou críticas à organização do acto eleitoral do emblema da Luz, apontando o dedo a Rui Costa: “Quem fez parte do passado recente do Benfica não tem condições para construir o seu futuro.”

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João Noronha Lopes DIOGO VENTURA

O empresário João Noronha Lopes anunciou, esta quinta-feira, que não se irá candidatar às próximas eleições do Benfica, marcadas para 9 de Outubro. No último acto eleitoral do clube, Noronha Lopes foi o segundo candidato mais votado, derrotado pelo anterior presidente, Luís Filipe Vieira, recolhendo 34,71% dos votos. Nos últimos meses, foi a voz mais activa na oposição ao antigo dirigente “encarnado”, que se afastou do cargo em Julho após ter sido constituído arguido na Operação Cartão Vermelho

“Tomei a decisão de não me candidatar às eleições do próximo dia 9 de Outubro. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, relacionada com fortes razões familiares e profissionais, as circunstâncias pessoais da minha vida não me permitem recandidatar”, começou por dizer o empresário. Estes impedimentos já tinham sido previstos por Noronha Lopes no acto eleitoral do ano passado, tendo-se concretizado nos últimos meses e impedindo uma nova candidatura.

Apesar de não ser candidato, Noronha Lopes não deixou de criticar nesta conferência de imprensa a organização do próximo processo eleitoral do clube da Luz. “As regras das eleições apenas vão ser conhecidas a três semanas do dia da votação. O problema não é das eleições serem cedo demais, é de serem feitas à pressa e sem que se conheçam as regras com as quais vão decorrer. Infelizmente, estes sinais não sugerem uma mudança face às práticas que condenámos no passado. O que reforça a minha convicção de que quem fez parte do passado recente do Benfica não tem condições para construir o seu futuro”, acusa.

Questionado se irá apoiar uma outra candidatura – em especial a de Rui Costa –, o empresário respondeu negativamente: “Relativamente a Rui Costa tenho uma grande admiração como jogador. Enquanto dirigente não apoiarei Rui Costa. Quando tivemos uma OPA ilegal, não ouvi uma palavra de Rui Costa. Quando tivemos a demissão do presidente da Assembleia Geral há pouco tempo, não ouvi uma palavra de Rui Costa. Onde estava ele nesses momentos? Ausente. Quanto a outros candidatos, não tenho conhecimento. Será prematuro pronunciar-me nesse sentido.”

Sobre os mais recentes resultados financeiros – onde o Benfica passou de lucros de 41,7 milhões de euros para um prejuízo de 17,4 milhões –, Noronha Lopes estranha o aumento dos gastos do clube com a massa salarial de funcionários, considerando naturais as perdas de receitas provocadas pela covid-19 e pela ausência da Liga dos Campeões. “A perda de algumas receitas é natural face ao contexto da pandemia, mas o que me preocupa é o aumento da massa salarial. Como é que é possível que, em ano de pandemia, a massa salarial aumente 13% para quase 100 milhões de euros? Isso é o que terá de ser explicado aos sócios”, reitera.

Rui Costa assumiu os destinos do clube a 9 de Julho, 48 horas após a detenção de Luís Filipe Vieira no âmbito da Operação Cartão Vermelho. No discurso em que aceitou a posição de presidente, não discutiu eleições, mas, a 1 de Setembro, anunciou que o Benfica irá a votos. No dia 9 de Outubro, exactamente três meses após subir a presidente do emblema da Luz, os sócios “encarnados” terão nas mãos a decisão da continuidade do dirigente ou uma mudança de rumo do Benfica. 

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